Em audiência pública realizada no Senado, nesta quarta-feira (10), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informou que o governo brasileiro pretende levar à ONU a denúncia do esquema de espionagem usado pelos Estados Unidos contra outros países.
“Estamos estudando mecanismos para isso”, afirmou o chanceler, em audiência que também contou com a participação do ministro da Defesa, Celso Amorim, e do ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito.
Amorim assumiu a fragilidade do Brasil para enfrentar ataques cibernéticos, mas lembrou que todos os países estão expostos a essa prática. “Até o ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, admitiu que os americanos poderiam sofrer um ‘Pearl Harbor cibernético’”, citou Amorim.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara, deputado Nelson Pelegrino (PT-BA), ressaltou a gravidade dos fatos que chegaram ao conhecimento público. Ele disse que as explicações das autoridades não encerram essa questão e que é preciso entender a extensão do problema. “É preciso levar adiante o debate sobre o diagnóstico do problema”, alertou, chamando atenção também para a importância de o Congresso aprovar o marco civil da Internet e para a necessidade de regulação internacional da rede mundial de computadores.
Integrante da CREDN, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) defendeu que a investigação seja rigorosa. “Precisamos obter esclarecimentos e saber quem foi monitorado, por quanto tempo e como. Não podemos ficar só no protesto”, argumentou o parlamentar paulista.
Patriota também disse que o governo não exclui a possibilidade de entrar em contato com o ex-agente Edward Snowden – que revelou o esquema de espionagem – e analisar o seu pedido de asilo político.
O ministro Amorim também asseverou que é preciso desenvolver tecnologia e ferramentas nacionais para que o Brasil possa se defender melhor desse tipo de prática.
Rogério Tomaz Jr. com Agência Câmara
Foto: Gustavo Bezerra / PT na Câmara