Em resposta a requerimento apresentado pelo líder da Bancada do PT na Câmara, Enio Verri (PR), o Ministério da Defesa assumiu que militares dos Estados Unidos acompanharam a operação realizada pelo Exército Brasileiro que simulou um cenário de guerra na Amazônia, em setembro último.
Para o líder Enio Verri, a confirmação da presença de militares norte-americanos na chama Operação Amazônia “não causa surpresa, mas muita preocupação”. Ele também destacou que a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ao Brasil, no momento da operação, já foi um alerta para identificar o interesse na realização de um exercício militar que custou R$ 6 milhões ao Erário. No dia 18 de setembro, Pompeo fez uma visita a Roraima, região de fronteira com a Venezuela, num momento em que havia animosidade entre o Brasil e o país vizinho.
Petróleo venezuelano
“A operação foi realizada em parte em Roraima, estado que faz fronteira com a Venezuela. Ora, é do conhecimento nacional a submissão de Bolsonaro a Trump, tanto quanto é do conhecimento internacional o interesse dos EUA no petróleo venezuelano. Infelizmente, com Bolsonaro no governo, não se pode descartar a possibilidade de o País ser usado como bucha de canhão e agredir um vizinho que sempre foi aliado e solidário ao Brasil”, afirmou Enio Verri.
O requerimento de informação foi assinado também pelos deputados petistas Alexandre Padilha (SP), Arlindo Chinaglia (SP), Carlos Zarattini (SP), Henrique Fontana (RS), Paulão (AL) e Rogério Correia (MG).
Violação da soberania nacional
O deputado Carlos Zarattini disse que a “ação é uma clara violação da nossa soberania nacional pelo desgoverno de Jair Bolsonaro e também revela como ele usa as Forças Armadas para guerras ideológicas e para lamber as botas dos americanos, ávidos por controlar a América Latina”.
Para o parlamentar, “a participação dos EUA nesse tipo de operação no território nacional é inaceitável e o gasto de R$ 6 milhões dos cofres públicos para a operação foi desnecessário e inconcebível no momento político e socioeconômico do Brasil”.
Entre os vários questionamentos direcionados ao ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, os petistas queriam saber se Mike Pompeo, foi avisado sobre a simulação, mas a questão não foi respondida. Outra pergunta sem resposta tinha o objetivo de esclarecer se o governo brasileiro consultou ou informou os países-membros do Mercosul a respeito da operação.
Eles também questionaram se chegou a haver ameaças concretas ao Brasil que levassem à simulação e se o País passou a considerar potenciais inimigos externos na América do Sul. Segundo o ministro, “enfatiza-se não haver, na atual conjuntura, hipótese de conflito entre o Brasil e qualquer país sul-americano, tampouco ameaça de invasão do território nacional, nem sinais de mobilização iminente de efetivo”.
O documento foi feito pelos petistas com base em uma reportagem do jornal O Globo, que revelou a simulação de uma guerra do “país vermelho contra o país azul”. A ação ocorrida entre os dias 8 e 22 de setembro. Os R$ 6 milhões foram gastos somente em combustível, horas de voo e transporte. Houve lançamento de mísseis com alcance de 80 km, disparo de foguetes (sistema Astros), emprego de viaturas, aeronaves (aviões e helicópteros), embarcações regionais e peças de artilharia, canhões, metralhadoras, entre outros.
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Leia a íntegra da resposta do Ministério da Defesa ao requerimento do PT:
Lorena Vale