Fake News: Gabinete do ódio “primeiro desgasta a imagem da pessoa, depois frita”, afirma Joice Hasselmann, em CPMI

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais, conhecida como fake news, ouve nesta quarta-feira (4), a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar descreve na audiência como operam as milícias digitais que atuam no governo Bolsonaro. Recentemente a deputada publicou em suas redes sociais, em resposta ao filho do presidente da República, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que “não tenho medo da milícia, nem de robôs”. Ela ainda identificou que o “gabinete do ódio” é comandado pelos filhos de Jair Bolsonaro, e que são gastos quase meio milhão de reais em dinheiro público na propagação de mentiras.

Segundo Joice Hasselmann, o modus operandi do núcleo dos incendiários do governo, leia-se “gabinete do ódio”, atuava com a lógica: “primeiro desgasta a imagem da pessoa, depois frita”, relatou. E dessa forma os ministros citados da ala moderada foram demitidos pelo governo Bolsonaro.

Ex-líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Joice Hasselmann também demonstrou a existência de robôs atuando nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. Segundo ela, dos mais de 5 milhões de seguidores que o presidente tem no Twitter, mais de um 1,402 milhão são robôs. Em relação à conta de Eduardo Bolsonaro também no Twitter, a parlamentar disse que dos 1,7 milhão, 468,77 mil são robôs. “Quase dois milhões de robôs em duas contas de Twitter. Quero crer que o presidente não saiba disso”, ironizou.

Foto: Lula Marques

Gabinete do ódio

Durante a exposição, a deputada denunciou como age o “gabinete do ódio” – grupo de pessoas próximas e atuando na Presidência da República. Segundo ela, existe um grupo organizado e financiado “com milhões” que define de forma orquestrada os alvos que querem atingir. “O gabinete do ódio tem uma tabela para cada dia um produza meme, frase ou hashtag para destruir alguma reputação”.

Segundo Joice Hasselmann, além de Eduardo e Carlos Bolsonaro, os assessores pessoais da presidência da República Felipe Martins, Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz também formam o “gabinete do ódio”.

Questionada pela deputada Natália Bonavides (PT-RN) se o “gabinete do ódio” atua dentro do Palácio do Planalto, Joice Hasselmann foi taxativa: “Eles estão dentro do Palácio do Planalto”, confirmou.

A deputada petista questionou a depoente se o presidente Bolsonaro tem conhecimento da existência do “gabinete do ódio”. “Imagino – que pela proximidade com o Tércio (Arnaud Tomaz) e os dois Mateus (Gomes e Diniz) -, ele sabe o que eles estão produzindo”, avaliou Joice, que no início do depoimento admitiu a existência de uma “organização criminosa virtual” que atua próxima ao presidente Jair Bolsonaro. “Há, infelizmente, dinheiro público por trás dos ataques virtuais (da direita)”, atestou a ex-líder do governo de Bolsonaro.

Eleição 2018

Vítima de ataques dos próprios pares nas redes sociais, Joice Hasselmann confirmou que as milícias virtuais vêm atuando desde as eleições de 2018. “Desde o início da campanha sempre houve dois núcleos separados. É público que não gosto dos filhos do Bolsonaro. Como são eles que comandam, nunca participei!”, explicou.

No entanto, ao ser questionada pela deputada Luizianne Lins (PT-CE) sobre o peso dessa organização criminosa na eleição de Bolsonaro, a ex-líder do governo Bolsonaro foi lacônica ao sugerir a Luizianne que o que deve ser feito para se chegar uma resposta sobre essa questão é “mandar fazer análise de quantos robôs operaram na campanha”.

“Primeiro desgasta, depois frita”

A deputada Joice relatou que um dos integrantes do “gabinete do ódio”, Felipe Martins, “influencia ideologicamente o presidente (Bolsonaro)”. Ela revelou que havia no Palácio do Planalto dois núcleos, o dos bombeiros, e o dos incendiários. Os ministros Gustavo Bebianno, o general Santos Cruz, general Santa Rosa, e ela própria faziam parte da ala moderada do governo.

O modus operandi do núcleo dos incendiários, leia-se “gabinete do ódio”, segundo Joice, atuava com a lógica: “primeiro desgasta a imagem da pessoa, depois frita”, relatou. E dessa forma os ministros citados da ala moderada foram demitidos pelo governo Bolsonaro.

A partir do relato, o deputado Rui Falcão (PT-SP) perguntou à deputada Joice se a organização criminosa está levando vantagem no jogo de braço. “Estão levando vantagem dentro da bolha e do coração do governo. Na queda de braço, tem mais espaço quem incendeia do que quem quer apaziguar”, constatou a deputada Joice.

Rui Falcão solicitou ao presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), para que encaminhe um documento formal ao presidente da República pedindo que ele desmonte o “gabinete do ódio, que é o núcleo da organização criminosa denunciado pela deputada Joice Hasselmann”. Para Rui Falcão se o governo não desmantelar o núcleo, estará incorrendo no crime de prevaricação.

Foto: Lula Marques

Prostitutas

O deputado solicitou à depoente para disponibilizar à comissão a mensagem em que Bolsonaro chama deputadas de prostitutas. A mensagem foi mostrada no telão, para os membros da CPMI.

Abin Paralela

Rui Falcão disse ainda que vai apresentar um requerimento de informação ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno, para que informe sobre a “grave denúncia” feita pela deputada Joice Hasselmann de que Carlos Bolsonaro tentou montar uma Abin paralela, com a finalidade de grampear e produzir dossiês contra uma série de inimigos políticos do governo. Outra informação que o petista vai incluir no requerimento é se o comandante da Abin foi realmente indicação de Carlos Bolsonaro.

Sugestão

Questionada pela relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSD-BA), sobre quem são todas as pessoas envolvidas na disseminação de notícias falsas para destruir reputação, a deputada sugeriu aos deputados e senadores que “sigam o rastro do dinheiro”.

A oitiva da parlamentar ocorre a pedido do senador Rogério Carvalho (PT-SE). O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), líder da Minoria no Congresso Nacional, também participou da audiência pública.

Atualizada às 19h35

Benildes Rodrigues

A oitiva da parlamentar ocorreu a pedido do senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Foto: Lula Marques

 

Veja a audiência:

 

 

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