Odair Cunha (*)
Durante a 64ª Cúpula do Mercosul em Assunção, Paraguai, o bloco avançou no processo de integração regional, com a inclusão da Bolívia como país-membro. A incorporação do país vizinho como sócio do Mercosul pode beneficiar economicamente Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai em diferentes áreas, mas também é uma vitória dos cidadãos bolivianos, que passam a desfrutar de conquistas do processo de integração regional em curso há 33 anos.
No caso do Brasil, por exemplo, a relação bilateral com a Bolívia possui um grande potencial, conforme mostra estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os estados do Oeste serão extremamente beneficiados com o estreitamento das relações com a Bolivía, ganhando certas exportações brasileiras acesso ao oceano pacífico através do país vizinho e de acordos já estabelecidos com Chile e Peru.
A despeito de posições equivocadas e até mesmo preconceituosas em relação ao bloco, manifestadas pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que não participou da cúpula em Assunção, os números mostram nitidamente a importância do Mercosul para a região. O bloco reforçou a capacidade econômica e industrial e política dos países-membros. A integração desfez desconfianças nutridas por desconhecimento e fatores culturais e históricos. Passou a haver compreensão mútua.
Os dados mostram que é lucrativo incrementar a cooperação na América do Sul. O bloco, junto com a Comunidade Andina, forma grande espaço econômico que reforça cada país. O crescimento e desenvolvimento de cada um interessa a todos. O desenvolvimento e a prosperidade devem ser objetivos comuns.
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O Mercosul é uma das maiores economias do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,8 trilhões. Se visto isoladamente, seria a quinta maior economia do mundo. Com a integração, o comércio intrazona cresceu exponencialmente. Em 2021, superava os US$ 40,6 bilhões. Quando o bloco foi criado, em 1991, o comércio entre os quatro sócios era em torno de US$ 4 bilhões ao ano, ou seja, cresceu mais de mil por cento no período.
Os parceiros do bloco ocupam o 4º lugar das exportações do Brasil, país que ocupa o 1º posto como destino das exportações da Argentina, Paraguai e Uruguai, os quais, juntos, são o quarto maior fornecedor externo do mercado brasileiro.
Mas um fato a se destacar é a importância política do bloco. Integrada, a região pode negociar com outros blocos e países de forma mais vigorosa. Iniciativas bilaterais têm menos força do que em bloco. Quanto mais integração , melhor para todos nós sul-americanos.
Em pouco mais de três décadas, o Mercosul tornou mais fácil o acesso à circulação de bens e serviços na região. Houve harmonização e padronização de normas e regulamentos nas áreas do comércio, investimentos e de propriedade intelectual. Facilitou-se a livre circulação de pessoas entre os países do bloco.
A chegada da Bolívia amplia o bloco e seu espaço cooperação e desenvolvimento econômico, social e político, o que se traduzirá em benefícios concretos para as populações de todos os países-membros.
Um dia teremos um Mercosul ampliado para toda a América do Sul, com sócios plenos e uma população de quase 450 milhões de pessoas e alguns trilhões de dólares de PIB.
(*) é deputado federal por Minas Gerais e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados
Artigo publicado na revista do Parlasul