Os deputados Valmir Assunção (PT-BA) e Carlos Zarattini (PT-SP) criticaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (6), as ações desastrosas do governo interino golpista de Michel Temer, que ainda anunciou esta semana que está pronto para adotar novas “medidas impopulares”. Na opinião dos parlamentares, uma reforma previdenciária que dificulte a aposentadoria, o corte no orçamento da saúde e da educação e a entrega do pré-sal às multinacionais do petróleo podem figurar entre estas medidas.
Para Valmir, o governo ilegítimo está “fazendo uma série de maldade com a população brasileira”, além de ter montado um gabinete “em que cada semana cai um ministro por corrupção”.
O parlamentar baiano criticou também a extinção das pastas da Cultura, dos Direitos Humanos, da Igualdade Racial, das Mulheres e do Desenvolvimento agrário.
Valmir Assunção se disse “surpreso” com as palavras de Michel Temer numa palestra para grandes empresários na capital paulista. “Ele foi falar com os ricos deste Brasil, lá em São Paulo. Aí, diz para os ricos do Brasil que, se ele se consolidar enquanto presidente da República, ou seja, se o Senado cassar o mandato da presidente Dilma, definitivamente, ele vai fazer mais maldade com o povo brasileiro. Isso é um absurdo”, protestou o petista, fazendo referência às tais “medidas impopulares” citadas por Temer – sem especificar exatamente quais – na palestra e divulgadas pela imprensa
“Um cidadão que já rasgou a Constituição, rompeu o processo democrático, acha que tudo isso não é nada. E ele já está dizendo: ‘Olha, se eu continuar Presidente, aí que vou fazer maldade com o povo brasileiro’. Isso é uma violência, isso é um desrespeito à população brasileira. Nós não podemos aceitar isso. O que é que ele já está dizendo? É que se ele se consolidar enquanto Presidente, ele vai privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Petrobras, vai fazer a reforma trabalhista, para fazer com que o povo brasileiro trabalhe mais e ganhe menos. Por outro lado, ele vai fazer a reforma da previdência, para que as pessoas não tenham direito a se aposentar – essa que é a grande realidade. Por isso que cada vez mais cresce a necessidade de o Senado fazer justiça, devolver o mandato à presidenta Dilma, para que o processo democrático, a ordem estabelecida, possa voltar à normalidade”, disse Valmir Assunção.
Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) chamou a atenção para a pressão midiática para que Temer adote “medidas duras” do receituário neoliberal.
Segundo Zarattini, a grande mídia, “que não suporta ver nenhuma medida que possa beneficiar o povo brasileiro”, como o reajuste do Bolsa Família, “exigiu e pressionou o presidente em exercício, Michel Temer, que anunciou que vai adotar medidas impopulares, caso seja ratificado o impeachment, o golpe contra a Presidenta Dilma”.
Dentre as tais “medidas impopulares”, Zarattini aponta a reforma previdenciária e a mudança no regime de exploração do pré-sal. “Nessa reforma previdenciário, ele pretende exigir que o trabalhador e a trabalhadora brasileiros só se aposentem aos 65 anos de idade. E já há quem diga, no Governo, que se inclua também uma cláusula que, depois de alguns anos, isso passe para 70 anos. Ora, isso é exigir do povo um sacrifício a mais. É um sacrifício que ele não exige dos grandes agricultores; que ele não exige dos exportadores agrícolas, que são isentos de pagar contribuição previdenciária; que ele não exige das grandes empresas, porque muitas delas ainda têm uma redução do pagamento da contribuição previdenciária; que ele não exige principalmente das grandes empresas, no combate à sonegação das contribuições previdenciárias e de muitos outros impostos”, listou o petista.
“Mais do que isso, quer adotar outra medida impopular: aprovar aqui projeto de José Serra que retira da Petrobras a participação em todos os campos do pré-sal. Ora, ao retirar a condição de operadora única da Petrobras, o que coloca egte Governo ilegítimo? Coloca a abertura do pré-sal para as multinacionais do petróleo, as multinacionais que querem tomar conta de uma das maiores e mais produtivas jazidas do mundo, onde o petróleo é retirado ao custo de 22 dólares o barril”, acrescentou Zarattini, ressaltando que “em poucos lugares do mundo se produz petróleo a um valor tão barato”.
Outra “medida impopular” do usurpador Michel Temer, complementou Zarattini, pode ser o estabelecimento do teto orçamentário, que terá impacto especialmente negativo sobre saúde e educação. “Nós temos que executar o Plano Nacional de Educação. Nós temos que ampliar os programas de creche, colocar mais crianças nas creches em nosso País, aumentar o número de estudantes universitários. Nós temos que formar mais médicos para atender no interior do País e na periferia das grandes cidades. Mas, se nós estabelecermos o teto do Orçamento, nós vamos condenar o nosso País a congelamento na situação em que está”, argumentou Zarattini.
Rogério Tomaz Jr.
Fotos: Agência Câmara