MEC despreza opinião dos estudantes e marca Enem para janeiro; petistas criticam a decisão

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) confirmaram, nessa quarta-feira (8), as datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020. O governo federal ignorou a opinião contrária da grande maioria dos estudantes, e as provas na versão impressa serão aplicadas nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. O Enem digital está marcado para os dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro do próximo ano. Os resultados serão divulgados a partir de 29 de março. Parlamentares da Bancada do PT na Câmara criticaram a decisão da Pasta.

Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), o presidente Jair Bolsonaro despreza as necessidades da sociedade, a ciência e a educação. “Bolsonaro despreza as ciências e a educação e não se preocupou em ouvir a comunidade acadêmica. Se for realizado em janeiro, o Enem não será democrático porque a maioria dos estudantes da rede pública está sem aulas. Não há tempo para repor as aulas e concluir o conteúdo até as datas marcadas para as provas”.

O coordenador do Núcleo da Educação do PT no Congresso Nacional, deputado Waldenor Pereira (BA), afirmou que a decisão é totalmente inadequada e defende que o Enem só seja realizado após a conclusão do ano letivo em todos os estados brasileiros. “Na Bahia, o governador já anunciou que vai suspender o período letivo até janeiro ou fevereiro. Ora, se estender na Bahia até janeiro, os estudantes baianos não vão poder fazer parte do Enem, porque não terão concluído o ano letivo. Então, a nossa defesa é que só aconteça o Enem após a conclusão de todos os anos letivos em todos os estados brasileiros. Em janeiro, na nossa opinião, o prazo não é suficiente para que todos os estudantes brasileiros, principalmente, das escolas públicas possam participar do Enem”.

Waldenor explicou os riscos caso o Enem seja realizado no mês em que o MEC marcou. “Nós vamos ampliar a desigualdade educacional do País, além de representar uma grande injustiça com os estudantes oriundos das escolas públicas, pobres, que já estão sendo sacrificados porque estão sem aula”. Segundo Waldenor, do ponto de vista da concorrência com os estudantes das escolas privadas, os alunos de escolas públicas vão levar desvantagem no exame, e mais do que isso, “estarão impossibilitados de participar do exame em face da não conclusão do ano letivo”, explicou.

“É inaceitável o MEC querer apressadamente fazer o Enem no meio de uma pandemia. Muita crueldade. Pressiona estudantes em um momento de fragilidade”, lamentou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).

Provas em maio

O governo desprezou o resultado da enquete realizada, ainda na gestão do ex-ministro Abraham Weintraub, para saber a opinião dos estudantes em relação às datas para aplicação das provas. De acordo com o resultado da pesquisa, 49,7% dos estudantes preferem que o exame seja realizado em maio; 35,3% escolheram fazer em janeiro e apenas 15% queriam que fosse aplicada em dezembro deste ano.

“O governo, mais uma vez, ignorou as necessidades da sociedade e decidiu impor a realização do Enem, em janeiro. O governo também ignorou o resultado da enquete que realizou: a maioria dos estudantes prefere realizar o exame em maio”, denunciou Margarida Salomão.

Waldenor Pereira recomenda que “o MEC atenda aos estudantes, faça valer a enquete que a própria pasta realizou e concluiu pela realização em maio, é o melhor que ele deveria fazer”, avaliou.

Lorena Vale

Foto: Arquivo/EBC

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