A Câmara dos Deputados homenageou nesta quinta-feira (29) a vereadora Marielle Franco, assassinada em março deste ano no Rio de Janeiro, com a entrega do Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós. Durante a Sessão Solene de entrega da homenagem, presidida pela deputada Ana Perugini (PT-SP), os pais de Marielle – Marinete Silva e Antônio Francisco Silva- receberam o diploma das mãos das deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PC do B-RJ). Outras quatro mulheres também receberam a honraria. A bancada do PT no colegiado indicou o nome de Marielle Franco.
As vencedoras da edição 2018 do prêmio foram escolhidas pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CMulher) – presidida por Ana Perugini – em votação realizada no último dia 7. A honraria é entregue anualmente a mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania, da defesa dos direitos femininos e das questões de gênero no país.
Após receber o diploma, a mãe de Marielle – Marinete Silva – agradeceu a homenagem. Ela ainda lembrou a trajetória política da filha e exigiu justiça ao cobrar a prisão dos assassinos. “Minha filha é um símbolo para este País. O legado que ela deixa é de uma mulher negra, da periferia, da favela da Maré, que fez a diferença na classe política como ativista dos Direitos Humanos. É um prazer levar a voz da Marielle, de empoderamento das mulheres. Por isso, clamo por justiça, precisamos ter uma resposta para o assassinato dela”, exigiu.
Ao também cobrar o esclarecimento do assassinato, após 8 meses e 15 dias, a deputada Ana Perugini disse que a vereadora carioca “foi morta pelo sexismo, pelo racismo e pela sede de poder”. “Marielle está em cada uma de nós. Estamos e estaremos juntas para buscar a verdade”, cobrou.
Já a deputada Benedita da Silva lembrou que a trajetória de Marielle precisa ser recordada como um exemplo para todas as mulheres. “Ela foi a terceira mulher negra eleita na cidade do Rio de Janeiro. Todas oriundas das favelas, negras e defensoras dos direitos humanos. Nesse momento conturbado, ela é um exemplo de perseverança e a expressão do desejo da mulher ser reconhecida pelo seu trabalho e de ocupar o espaço que quiser, inclusive os espaços de poder”, afirmou.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), a homenagem a Marielle Franco significa dizer que “as ideias são imunes às balas”. A parlamentar afirmou ainda que apesar de seu desaparecimento precoce, “Marielle está todos os dias surgindo em nossas vidas como se fosse semente”. “Ela está em cada ato de ousadia, em cada ato de liberdade, em cada ato que se inquieta com uma estrutura e uma ordem que nos quer caladas e dominadas”, afirmou Kokay.
Conheça as outras homenageadas com o Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós 2018:
Alzira Soriano (1897-1963) – Ela foi a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina. Tomou posse na prefeitura de Lajes (RN) em 1º de janeiro de 1929.
Ana Cristina Ferro Blasi – Foi juíza do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina e responsável pela campanha “Mulheres na política, elas podem, o Brasil precisa”.
Renata Gil de Alcântara Videira – Juíza responsável pela organização do prêmio “Amaerj (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro) Patrícia Acioli de Direitos Humanos”, que já premiou diversas ações relativas aos direitos da mulher e questões de gênero.
Mônica Spada e Sousa – Diretora-executiva da Maurício de Sousa Produções, lançou o projeto “Donas da Rua” em 2016, em parceria com a ONU Mulheres, para estimular o empoderamento e a igualdade de oportunidades. É filha do cartunista Maurício de Sousa e inspiração para uma de suas personagens mais famosas, a Mônica.
Carlota de Queirós – Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), que dá nome ao prêmio, nasceu na cidade de São Paulo. Médica, escritora e pedagoga, foi a primeira mulher brasileira a votar e ser eleita deputada federal. Entre 1934 e 1935, participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte.
Foi eleita para a Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo em 1934. Durante o mandato, dedicou-se a ações educacionais que contemplassem melhor tratamento às mulheres e às crianças. Ocupou o cargo até 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso.
Héber Carvalho com informações da Agência Câmara Notícias
Fotos: Lula Marques