Margarida Salomão faz périplo por universidades federais e critica programa Future-se

“As Universidades já foram atacadas, tratadas como inimigas, mas com base na sua experiência e história, resistiram. Nós, os verdadeiramente patriotas, defenderemos as Universidades, os Institutos Federais e o direito de o povo brasileiro estudar neles. Em Antropologia, há o efeito catraca. Desde que o homem dominou o fogo, ele passou a comer alimentos cozidos. Agora que povo colocou pé na Universidade, eu quero é ver tirá-lo de lá”, afirmou a coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais, deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), durante audiência pública realizada nessa segunda-feira (26) para debater o programa Future-se, do Ministério da Educação, no Campus da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Margarida destacou a transformação realizada no início do século XXI na Universidade brasileira, com a sua interiorização, e mudança do perfil dos alunos. Hoje, 70% dos estudantes são oriundos de famílias com renda menor que dois salários mínimos e mais de 50% se autodenominam negros ou negras. “Essa mudança faz com que seja necessária uma política assistencial muito mais forte. Esse é o problema real, mas o governo resolveu criar outro: a asfixia. É evidente que (com o Future-se) estamos matando uma construção de décadas. O Future-se é uma falsa solução para um falso problema. Nós temos um problema real: o governo. De um lado ele pratica uma guerra à inteligência, à universidade, ao INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) ou a qualquer outro lugar em que se invoque a racionalidade. Isso é suficiente para que eles façam uma guerra sem quartel à Universidade. A outra coisa é o viés mercadista. Nós tivemos a ‘petulância’ de oferecer educação gratuita e de qualidade. Essas pessoas acreditam que educação é uma mercadoria. Diante disso, o governo tira a bola de campo e cria um outro jogo, o Future-se”, criticou.

A parlamentar ainda refutou a argumentação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que as universidades seriam mal geridas, gastadoras, com baixa produtividade e sem espaço para a inovação e internacionalização. “Tudo isso demonstra um desconhecimento profundo do que são as universidades. Das startups unicórnio (que acumulam mais de US$ 1 milhão) no Brasil, seis são criadas na USP. As universidades não se caracterizam só pela inovação tecnológica. Tenho orgulho de, quando reitora, ter criado o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) na Universidade Federal de Juiz de Fora e, ao mesmo tempo, fazer o primeiro convênio de cooperação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A principal vocação da universidade é a criação de quadros diferenciados”, destacou.

Future-se não é garantia de recursos para Universidades

Durante a audiência pública na UFCSPA, Margarida também contrapôs a suposta garantia de recursos adicionais para as universidades que aderirem ao programa Future-se. “Essa é uma promessa patética. Um fundo imobiliário, a ser construído tendo em vista as riquezas, a serem vendidas pelos patrimônios das universidades. Pergunto: será que alguém quer vender o Campus da Praia Vermelha, tombado pelo patrimônio histórico? Será que a Universidade de Brasília, de forma socialista, iria vender seus bens para as outras universidades? Outro ponto: eles querem que a gente recorra à Lei Rouanet para os projetos de extensão. O que mostra que eles não têm a menor ideia do que é um projeto de extensão. Qual é a extensão daqui? A Santa Casa de Misericórdia”, finalizou.

UFGRS rejeita o Future-se

Pela manhã, a deputada visitou o Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), onde recebeu uma carta do reitor do Rui Oppermann de repúdio da universidade ao Future-se. Margarida também esteve na Reitoria da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e debateu o cenário dos cortes para a instituição.

Em função do seu posto de coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades, a ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora está indo de norte ao sul do Brasil para denunciar os ataques do governo Bolsonaro às Instituições Federais de Ensino Superior. Nas últimas semanas, ela já esteve em Viçosa (MG), Belo Horizonte (MG), Maceió (AL) e Florianópolis (SC).

 

Assessoria de Comunicação

Foto – Lula Marques

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