Como vem acontecendo desde o início do governo de extrema direita Jair Bolsonaro, o novo ministro da Educação, pastor presbiteriano Milton Ribeiro, coleciona declarações polêmicas sobre crianças, mulheres e sexualidade. Por isso, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) defende que Ribeiro explique ao Congresso suas declarações e informe se ainda concorda com seus antigos posicionamentos.
Em entrevista ao site Congresso em Foco, Margarida Salomão, que é presidenta da Frente Parlamentar da Educação, afirmou que as posições do novo ministro são muito preocupantes. “Circula uma série de informações sobre posições assumidas por ele no passado que são muito preocupantes. A visão da legitimidade, da propriedade dos castigos físicos na educação, está superada secularmente. Isso é um retrocesso inacreditável e intolerável”, comentou a parlamentar.
Sexo
Em vídeos de pregação religiosa, Milton defendeu o castigo físico como uma forma de pais educarem os filhos, disse que universidades “ensinam sexo sem medida” e que o homem deve ser o líder em casa.
Diante das posições polêmicas do novo ministro, a Frente Parlamentar Mista da Educação e a Comissão de Educação da Câmara querem ouvir esclarecimentos dele a respeito de suas declarações antigas e também sobre seus planos para a pasta. Os dois colegiados pretendem fazer o convite na próxima semana.
Fé religiosa
Margarida disse que é preciso saber do ministro se ele ainda tem as mesmas convicções. Ela ressaltou que não há qualquer problema em ele ser pastor. “Poderia ser padre, budista. Todos têm direito a professar sua fé religiosa. O que não pode é transferir essas convicções da esfera privada para a pública, isso compromete o exercício da função pública”, declarou a deputada.
“Ele tem todo direito de ter mudado de pensamento. Precisamos ouvi-lo. Mas no contexto de uma gestão desastrosa da educação, como temos tido, esses vídeos aumentam nossa desconfiança”, acrescentou.
Incógnita
Para Margarida, o novo ministro ainda é uma incógnita por ser pouco conhecido da comunidade acadêmica e por não ter experiência em gestão pública. Milton foi vice-reitor da Universidade Mackenzie, ligada à Igreja Presbiteriana, da qual faz parte.
Segundo a deputada, o nome do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia, que era dado como favorito para o ministério, teria sido recebido com maior naturalidade, devido à gestão feita por ele na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2019, e à importância da instituição que comanda.
Redação PT na Câmara com Congresso em Foco