O deputado Marcon (PT-RS) fez questão de registrar em plenário, nesta terça-feira (13) que será oposição ao próximo governo federal. “Eu não tenho vergonha da minha história. Eu e os companheiros deputado Valmir Assunção (PT-BA) e deputado João Daniel (PT-SE) somos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e temos orgulho da nossa história. E aviso ao próximo governo e seus aliados e a quem lhes representa aqui nesta Câmara que, se for para o debate político, nós estamos preparados para fazer a boa política”, afirmou.
Marcon disse que os deputados do PT não aceitarão chantagem do tipo reverberado por representantes do governo Bolsonaro de que, “se for para prender 100 mil trabalhadores sem-terra, nós podemos prender e que o Movimento dos Trabalhadores sem Terra tem que ser enquadrado como terrorista”. “Se eles não têm proposta política para resolver o problema da reforma agrária, nós não temos medo nem de gritos fortes e muito menos de quem está de lua de mel com este governo”, reforçou.
Na avaliação do deputado do PT gaúcho, hoje falam dos sem-terra. Mas esse governo vai criminalizar também quem luta pela moradia; quem luta pelo emprego; quem luta pela dignidade; quem defende a soberania nacional; quem defende o direito de ter uma escola digna, e quem defende o Sistema Único de Saúde. “Será que este próximo governo vai colocar na lista de terroristas todos esses movimentos que brigam e gritam por dignidade?”, provocou.
Marcon ainda fez apelo ao presidente eleito. “Governo Bolsonaro, diga que quer criar uma cultura de paz. Nós estamos cansados de ver violência, de ver um governo que não sabe para onde vai!”. E emendou: “É disso que nós precisamos: de um governo que mostre propostas concretas para o desemprego, para que o povo tenha escola e saúde, e pare de fomentar o ódio neste País. Comece a construir uma linha de paz”, pediu.
Despejo – Também do plenário, o deputado Valmir Assunção relatou a tentativa de desocupação de 450 famílias de trabalhadores sem-terra que produzem e moram há 20 anos em uma área de uma usina falida em Minas Gerais. Essa usina, explicou Assunção, foi avaliada em torno de R$ 90 milhões, e o governo mineiro já tinha decidido pela desapropriação com pagamento parcelado.
“Mas agora, um juiz resolveu despejar essas 450 famílias. Ou seja, o efeito Bolsonaro já está chegando aos assentamentos, aos acampamentos”, lamentou. O deputado Valmir Assunção afirmou que isso não se pode aceitar. “Nós vamos enfrentar essa situação, vamos resistir, porque é inaceitável a retirada dessas famílias. Nós vamos recorrer em todas as instâncias”, avisou.
Vânia Rodrigues