O deputado Marcon (PT-RS) usou a tribuna da Câmara na terça-feira (21) para defender a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o que está por trás da Operação Carne Fraca, realizada na última sexta-feira (17) pela Polícia Federal.
“Nem todos, nem a maioria dos fiscais age com má fé ou pratica irregularidade, mas quem faz deve pagar, e aqueles que devem têm que ser mantidos presos. Nós precisamos defender aqui os nossos consumidores, os 220 milhões de brasileiros que compram um pedaço de carne pensando que a carne é de qualidade”, afirmou.
Outra questão, continuou Marcon, são os pequenos agricultores. “Temos que defendê-los porque são eles, na sua maioria, que produzem carne de frango e carne de suíno”, explicou. Na avaliação do deputado, é interessante analisar a posição do agronegócio nesse processo. “Essa investigação da PF reforça tudo o que sempre mencionamos: o agronegócio sempre esteve preocupado com seus interesses particulares (o lucro acima de tudo) em detrimento do interesse da população”, afirmou.
Ele disse também que a atuação de uma parte de fiscais corruptos, comprova que alguns sempre foram coniventes com os que detém o poder econômico, com os grandes frigoríficos. “Contudo, eles agiam com mão de ferro para cima dos pequenos agricultores que tentavam implantar, por exemplo, uma pequena agroindústria familiar”.
PMDB – O deputado Marcon fez questão de lembrar que quem comandava as superintendências eram pessoas ligadas ou indicadas pelo PMDB e pelo PP. “Sem falar que os políticos desses dois partidos foram os maiores beneficiários de doações eleitorais desses frigoríficos, nas últimas eleições”, citou.
O parlamentar destacou ainda a entrevista da senadora e ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na qual ela afirma que, enquanto ministra, foi pressionada, pelo então deputado, e agora, ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR), para que mantivesse o superintendente do Mapa no Paraná (exonerado do cargo por estar envolvido nas supostas irregularidades da operação Carne Fraca).
“Por fim, quero lembrar que esses mesmos grandes grupos econômicos e políticos ligados à bancada ruralista, sempre enalteceram os trabalhos da PF, agora, que são vítimas, a acusam de estar causando uma espetacularização e de quererem destruir um dos setores mais importantes da economia brasileira. “Nesse caso sempre lembro daquele velho ditado popular: Nada como um dia após o outro”, concluiu.
PT na Câmara
Foto: Gustavo Bezerra
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