Manter a data do Enem serve para prejudicar os estudantes mais pobres, criticam petistas

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, declarou que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não será adiado e que não foi feito para corrigir injustiças. A posição do ministro encontra forte resistência entre os estudantes, professores e pais, que defendem o adiamento. Com razão, os críticos do ministro alegam que a falta de aulas presenciais e a dificuldade de acesso à internet prejudicará os estudantes mais pobres.

Os parlamentares do Núcleo de Educação da Bancada do PT no Congresso Nacional, o deputado Waldenor Pereira (PT-BA) e a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) se manifestaram favoráveis à Campanha Nacional #AdiaEnem desencadeada pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE). A campanha se contrapõe à posição do ministro da Educação.

Na opinião do coordenador do Núcleo de Educação, Waldenor Pereira, e da professora Rosa Neide, manter o calendário do Enem irá potencializar a desigualdade social. Eles lembraram que a maioria dos estudantes é de escola pública, são pobres e não têm acesso às novas tecnologias, o que permitiria a educação à distância. As inscrições para o Enem estão previstas para o período de 11 a 22 de maio.

“Se o calendário estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) para as inscrições e realizações das provas for mantido, milhões de estudante brasileiros ficarão de fora do Enem, ampliando ainda mais as desigualdades sociais no Brasil. Sem a conclusão do ano letivo eles não poderão concorrer às vagas oferecidas pelo Enem”, sentenciou Waldenor.

Foto: Gabriel Paiva

Ele disse ainda que a insistência do MEC – sem justificativa – não se sustenta porque, segundo o petista, a extensão da pandemia do coronavírus não permitirá a conclusão do período letivo de forma a permitir que os estudantes concluam os estudos e possam participar do Enem.

“Os estudantes estão com dificuldades de estudar nesse período em que as aulas estão suspensas. Os estudantes são pobres, carentes e a grande maioria são de escolas públicas e não dispõem de internet, computador, de tecnologias para realizar a educação a distância. Portanto, não poderão fazer o exame devido à incompatibilidade da conclusão do período letivo com a realização das provas”, argumentou o deputado baiano. Ele lembrou que 58% dos estudantes brasileiros não têm acesso à internet em casa.

A deputada Rosa Neide reiterou que o Brasil é muito desigual e não se pode deixar que os que mais precisam da escola, não tenham acesso a ela. “Se marcamos as provas no mesmo dia que está estipulado pelo MEC é estimularmos essa diferença”, criticou.

Foto: Lula Marques

Política inclusiva

A professora explicou que o Enem é uma política pública educacional inclusiva. Rosa Neide lembrou que foi a partir do momento em que o Brasil aumentou vagas nas universidades, que o Enem possibilitou a entrada de filhos de trabalhadores no ensino superior. “Negros, indígenas, as minorias, aqueles que nunca chegavam ao ensino superior público, acabaram chegando. Então temos que mudar o calendário de provas do Enem, porque os filhos dos trabalhadores que estão concluindo o ensino médio, não têm as mesmas ferramentas que têm os mais abastados para estarem constantemente informados”, explicou.

Ação na justiça

A professora defendeu a concentração de esforços para barrar a intenção perversa de Weintraub. “Nós temos que fazer um esforço muito grande para impedir esse ministro da Educação que não gosta de estudante, não gosta de escola, não gosta da educação continue manipulando informação como essa. Não pode ter Enem na data marcada porque as datas das aulas foram modificadas”, argumentou.

O deputado Waldenor informou que o Núcleo de Educação entrou com uma ação junto ao Ministério Público Federal para que o MPF recorra da decisão do Ministério da Educação e suspenda as inscrições e as provas do Enem. A petição também foi assinada pelo líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PR).

 

Benildes Rodrigues

 

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