O vice-líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), avaliou nesta segunda-feira (14) que as manifestações ocorridas em varias cidades do País, neste domingo, expressaram a opinião de um segmento da população que não votou na presidenta Dilma nas últimas eleições e que tem dificuldade em aceitar o resultado das urnas.
Ele disse que a suposta indignação em relação à corrupção- supostamente manifestada durante os atos e destacada por setores da mídia- é seletiva, porque não alcança personagens da oposição implicados em escândalos. O parlamentar disse ainda que as características dessas manifestações foram golpistas porque pediram o impeachment de uma presidenta legitimamente eleita e sem participação em qualquer crime.
“O público que estava lá (nas manifestações) majoritariamente votou contra a Dilma. Essa manifestação foi mais à direita, conservadora e reacionária do que as do ano passado. Pessoas que se declararam de extrema direita, saudaram figuras do tipo Bolsonaro. Não acho que essas manifestações sejam de combate à corrupção. Elas tiveram um viés seletivo e acabaram refletindo a conduta adotada por setores do Ministério Publico, da Justiça Federal e da Polícia Federal”, afirmou.
Pimenta destacou que, enquanto o ex-presidente Lula é acusado de ser dono de um sítio e de um apartamento que efetivamente não pertencem a ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou possuir cinco imóveis sem que isso fosse questionado.
“O ex-presidente FHC declarou ter comprado um apartamento de US$ 200 mil dólares para o filho em Barcelona (Espanha), um em São Paulo para a atual companheira, outro no valorizado bairro de Higienópolis (Também em São Paulo)- este comprado de um banqueiro sócio de um filho de FHC em uma empresa de consultoria, além de um apartamento em Nova Iorque e uma fazenda em Buritis (MG). FHC é um ex-presidente da República, um professor aposentado, como ele comprou todos esses imóveis?”, questionou o petista.
O mesmo raciocínio o vice-líder usou para questionar a falta de interesse dos integrantes da Lava Jato para investigar o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). “E o senador Aécio Neves, que foi delatado cinco vezes na Lava Jato sem que um inquérito tenha sido instaurado? E não há interesse do MP, da Justiça Federal, da Polícia Federal para investigar isso, e nem de parcela da sociedade para se manifestar sobre essa questão?”, indagou.
Em resposta a uma pergunta sobre o impacto das manifestações no andamento do processo do impeachment, o vice-líder do PT disse que o número de pessoas nas ruas neste domingo não pode influenciar qualquer decisão. Ele lembrou que outras manifestações históricas, com milhares de pessoas nas ruas- como as ocorridas em 1964- ajudaram a quebrar a democracia e instaurar a ditadura militar.
“Justificar um processo de impeachment a partir do fato de que pessoas saíram às ruas para se manifestar é (repetir) o mesmo filme que já vimos em 1964. Qualquer tentativa de justificar um impeachment porque parcela da população foi à rua, é golpe. Só há uma maneira de se trocar um governo, é pelo processo eleitoral. E a presidenta Dilma venceu as últimas eleições com mais de 54 milhões de votos, e não há crime de responsabilidade que justifique o impeachment dela”, finalizou.
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara