Na manhã desta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, a entrada do anexo IV da Câmara dos Deputados foi palco de uma manifestação diferente de outras que normalmente ocorrem no local. Desta vez, deputadas e servidoras da Câmara montaram um “piquete” para conscientizar as pessoas que chegavam ao prédio – onde se localizam a maioria dos gabinetes parlamentares – sobre os retrocessos contidos na reforma da Previdência de Temer. As manifestantes também convocaram as mulheres a aderirem à paralização que ocorre neste 8 de março, em mais de 30 países, pela necessidade de mais visibilidade aos direitos de gênero.
Durante o “piquete”, deputadas e servidoras entregaram panfletos explicando os direitos das mulheres ameaçados pela reforma. Entre eles, a paridade na idade de aposentadoria entre homens e mulheres, que retira o direito delas se aposentarem cinco anos antes que os homens; o aumento no tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos, além da redução no valor da pensão de viúvas, que passariam a receber apenas 60% do valor do benefício, acrescidos de 10% por dependente.
Para a coordenadora do Núcleo de Mulheres da bancada do PT na Câmara e presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos das Mulheres, deputada Ana Perugini (PT-SP), a mobilização é um ato de resistência contra os retrocessos propostos pelo governo Temer.
“Estamos nos posicionando contra a reforma da Previdência, que significa o fim da aposentadoria da mulher, não apenas da trabalhadora urbana, mas da trabalhadora rural, das empregadas domésticas e professoras.
Esse piquete é para conscientizar e chamar as mulheres que trabalham na Câmara para lutarem contra esse retrocesso”, destacou.
Já as deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ), também presentes à mobilização, lembraram que o 8 de Março também é dia de luta.
“Hoje paramos contra os que querem eliminar a única política pública que reconhece que existe desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho”, disse Erika.
“O 8 de Março representa a luta das trabalhadoras que tiveram seus corpos queimados porque não aceitavam a jornada de 14 horas. Hoje estamos aqui contra essa reforma da Previdência de Temer, que é arbitrária e perversa ao retirar nossos direitos”, ressaltou Benedita.
Os deputados petistas Afonso Florence (BA) e Robinson Almeida (BA), e a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), também compareceram à manifestação.
Ato Público- Nesta quarta-feira também foi realizado na Câmara o Ato Público contra a Reforma da Previdência TEMERosa para as Mulheres, organizada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social, e presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
Durante o Ato, que contou com a presença de vários parlamentares petistas, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) disse que apenas a pressão popular pode evitar a aprovação da reforma de Temer.
“Temos que ir para a rua, senão essa porcaria de reforma, que retira os direitos das mulheres, corre o risco de passar”, alertou.
O Ato contou ainda com a presença dos deputados petistas Adelmo Leão (MG), Assis Carvalho (PI), Givaldo Vieira (ES), João Daniel (SE), José Guimarães (CE), Luiz Couto (PB), Patrus Ananias (MG) e Zé Carlos (MA).
Héber Carvalho
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