Na campanha de 2018, Jair Bolsonaro mentiu descaradamente aos eleitores e, copiando proposta de Lula e Haddad, prometeu isentar do imposto de renda quem ganhasse até R$ 5 mil. Em março passado, obediente como sempre ao ministro Paulo Guedes (Economia), o atual presidente manteve a tabela do IR desatualizada e só deu esse benefício a quem ganhava até R$ 1.903. Mais de 8 milhões de pessoas foram prejudicadas com a quebra da promessa.
Agora, ao negociar o projeto de lei da Reforma Tributária com o Congresso, o governo propõe novas maldades contra quem ganha menos. Além de acabar com a declaração simplificada para aqueles que recebem salário entre R$ 3,3 mil e R$ 6,9 mil, o que representará um prejuízo de R$ 10,7 bilhões para a classe C, Bolsonaro e Guedes ameaçam o vale-refeição e o vale-alimentação.
Por sugestão do governo, o relator do PL 2337/2021, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), incluiu no projeto o fim do benefício fiscal que permite às empresas abaterem do IR os gastos com os vales dados aos trabalhadores. Sem essa ajuda do governo, preveem especialistas, 280 mil empresas, que empregam 22,3 milhões de trabalhadores, poderão deixar de conceder o benefício.
Sim, enquanto milhões de brasileiros passam fome e a inflação dos alimentos dispara, a dupla Bolsonaro-Guedes não se satisfez em reduzir o valor do auxílio-emergencial. De tabela, também ataca os donos de restaurantes: estudo da Associação Brasileira de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) estima que o fim da isenção fiscal pode fechar 100 mil estabelecimentos, cuja boa parte da clientela é formada por trabalhadores que pagam a conta com o vale-refeição.
CUT reage
Diante de tal absurdo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promete combater com todas as forças a proposta do governo. “Vamos pressionar os deputados, os senadores, vamos ao Congresso Nacional falar com o (presidente da Câmara). Também vamos denunciar isso nas ruas, no dia 24, quando estaremos mobilizados por mais um dia de luta pelo Fora, Bolsonaro. Não podemos deixar isso acontecer de jeito nenhum”, disse Sérgio Nobre, presidente da CUT.
Na avaliação de Nobre, acabar com os vales é um crime, equivalente à redução de salários, pois esses benefícios são considerados salários indiretos e são parte fundamental da renda do trabalhador. “Eles já cometeram um crime contra o povo mais pobre quando reduziram o valor do auxílio emergencial pela metade e agora cometem outro ao propor o corte de salários de trabalhador. É muita perversidade desse governo.”
Da Agência PT de Notícias