Exatamente dois anos atrás, a 8 de julho de 2013, a presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto nº 8.040, que criava o Grupo Executivo do Programa Mais Médicos, programa que hoje alcança 63 milhões de habitantes em 4.058 municípios brasileiros, através do atendimento de 18.240 médicos que atuam na atenção básica da saúde.
Criticado pela oposição conservadora e elitista, sucesso absoluto entre usuários do programa, o Mais Médicos causou uma revolução silenciosa nas pequenas cidades e também na periferia de grandes centros urbanos. Em algumas localidades, como Barras (PI), a mortalidade infantil rapidamente foi reduzida a quase zero. No bairro de Cidade Tiradentes, a 40 quilômetros do centro da capital paulista, a mortalidade infantil alcançou o menor patamar dos últimos dez anos.
Muito além de números e estatísticas, abundam relatos emocionados de pessoas que, pela primeira vez na vida, consultaram um médico, foram salvas pelo atendimento de um profissional estrangeiro ou simplesmente foram tocadas ou ouvidas com atenção por um doutor.
“No mês passado, minha mãe teve um princípio de AVC em Porto Alegre e foi atendida em um posto de saúde por um médico cubano. Ele a salvou. E o fato de ela ter sido atendida rapidamente evitou sequelas. Minha mãe não entendeu nada que ele disse, mas vai ser grata a ele e a Dilma para sempre. Agora objetivamente minha família e eu devemos uma pra Dilma”, conta Richard Back, assessor parlamentar.
O reconhecimento dos gestores, que sofrem com a limitação de recursos para investir na saúde, também é enorme. Mesmo os prefeitos dos partidos de parlamentares que, na tribuna do Congresso Nacional, pedem o fim do programa, atestam o êxito do programa. Em São Domingos (SC), cidade de 10 mil habitantes no oeste catarinense, o impacto do Mais Médicos foi sentido por toda a população.
“As pessoas vivem em comunidade, partilham a vida da cidade, e talvez um dos principais diferenciais destes profissionais é se inserir nesta cultura local e conhecer as pessoas. Eles vão nas casas das pessoas, se preocupam com todo o contexto da saúde pública. O atendimento médico não é apenas um momento burocrático para preencher papeis e solicitar exames. O paciente do SUS é atendido no seu contexto, com um olhar humano e técnico”, diz o prefeito Alcimar de Oliveira (PT).
Com a disponibilidade dos profissionais, a população passou a procurar mais o sistema de saúde. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apresentado em março passado aponta que a chegada dos médicos em 1.837 municípios atendidos pelo programa resultou em um aumento de 33% na média mensal de consultas, ante um aumento de apenas 14% em municípios que não aderiram ao programa.
Formação – Além dos resultados imediatos, o Mais Médicos foi implantado junto com ações para ampliar e aperfeiçoar formação médica. O governo federal criou um plano para criar 11,5 mil novas vagas de graduação em cursos de Medicina, sobretudo em cidades de médio porte. Da meta prevista, já foram abertas 5.088 vagas. O plano vai ainda promover a criação de 12,4 mil novas vagas de Residência Médica, das quais 4.732 vagas já foram criadas.
Rogério Tomaz Jr. com informações do Ministério da Saúde