O presidente Lula defendeu, nesta terça-feira (25), o fechamento da maioria dos clubes de tiro no país e a manutenção apenas dos que são utilizados pelas Forças Armadas e pelas polícias militar e civil. Durante a live Conversa com o Presidente, Lula afirmou que as ações de Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro para expandir esses clubes e liberar o acesso a armas de fogo tinha o objetivo de “agradar ao crime organizado”.
“Nós temos que ter claro o seguinte: por que que um cidadão quer uma pistola 9 mm? Por que ele quer? O que ele vai fazer com essa arma? Vai fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque, no fundo, no fundo, esse decreto de liberação de armas que o presidente anterior fez era para agradar ao crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro”, disse Lula, em conversa com o jornalista Marcos Uchôa.
Segundo o presidente, os trabalhadores estão mais preocupados em ter condições de comprar alimentos, material escolar para os filhos e brinquedos para as crianças. “Então, como é que as pessoas que trabalham vão comprar fuzil, vão comprar rifle, vão comprar dez pistolas, doze pistolas, quinze pistolas?”, questionou o presidente. “As pessoas não querem violência”.
Os clubes de tiro se espalharam pelo país e, hoje, funcionam como comitês do bolsonarismo e da violência, sobretudo política. Nos últimos quatro anos, o governo passado autorizou a abertura de uma unidade do tipo por dia. Dados do Exército obtidos pelo portal g1 via Lei de Acesso à Informação apontam para 1.483 registros concedidos de 2019 a 2022.
Durante a live, Lula afirmou que não vê como empresário quem mantém um clube de tiro, em razão dos prejuízos causados pelo armamentismo à segurança dos brasileiros, o que inclui, além da violência, o desvio de armas para milícias e outras organizações criminosas.
“Eu já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos, só deixar abertos aqueles que são da Polícia Militar e do Exército, ou da Polícia Civil. É a organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro, não é a sociedade brasileira. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, nós não”, disse o presidente, em referência aos atos golpistas de 8 de janeiro, perpetrados por bolsonaristas inspirados pelo ex-presidente da extrema direita.
Segundo Lula, a prioridade do seu governo é fortalecer a democracia, com a ampliação da participação popular na política, na educação, na cultura e em outros segmentos. “Então, para quê arma?”, questionou o presidente. “Eu sou totalmente contra. Eu quero que você saiba que o Brasil vai melhorar no dia que a gente entrar na era do livro, na era da cultura, que é o que nós estamos fazendo, agora, com a Lei Paulo Gustavo e com a Lei Aldir Blanc”, pontuou, em referência a duas normas de incentivo à cultura.
Lula comemorou o fato de 98% dos municípios terem se inscrito para receber recursos da Lei Paulo Gustavo. “Coisa que não tinham. Tinham acabado com o Ministério da Cultura, porque eles queriam criar o ministério das armas, o ministério da violência, o ministério da fake news, o ministério da mentira, isso que eles queriam criar. E nós, não. Nós queremos fazer com que o povo brasileiro volte efetivamente a ser feliz”, enfatizou o presidente.
Durante a live, Lula também fez um balanço dos resultados das diversas políticas adotadas pelo governo para fortalecer a economia e melhorar as condições de vida da população, a exemplo do aumento da produção de alimentos. “As pessoas estão percebendo que o Brasil está mudando, as pessoas estão percebendo que as coisas estão ficando mais acessíveis a elas, as pessoas estão podendo comer carne outra vez. Elas já podem sair com uma sacola cheia do supermercado”, afirmou o presidente, que citou também a queda nos preços dos combustíveis.
Lula reafirmou que o Brasil precisa de motivação, de uma boa relação entre quem governa e quem é governado. “Aliás, é quem cuida e quem é cuidado, na verdade. Então, eu estou muito otimista, e eu passo esse otimismo para os trabalhadores”, frisou.
Ao falar sobre as perspectivas para a economia, o presidente voltou a assegurar que o Brasil vai dar certo. “A economia vai voltar a crescer, o salário vai voltar a crescer. Nós vamos voltar a gerar emprego, o povo vai voltar a comer melhor. E as políticas públicas que nós colocamos em discussão, e já estão, hoje, praticamente todas funcionando, não ainda cem por cento, porque elas levam um tempo para funcionar, mas as políticas públicas vão funcionar, o dinheiro vai chegar na base. Quando o dinheiro chegar, o dinheiro começa a rodar, e você vai ver que a economia vai começar a crescer”, sublinhou.
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