Lula e a grande luta contra o fake news da gastança, por Luís Nassif

A palavra gastança, em referência ao governo Lula, é repetida por 10 entre 10 jornalistas medíocres, opina Nassif Foto: Ricardo Stuckert

O editorial da Folha fala em “impulso gastador irresponsável do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT)”. Não ouse perguntar onde está esse “impulso irresponsável”. O editorialista não saberá dizer. E, se disser, terá que mencionar os benefícios concedidos ao setor com a desoneração da folha, a isenção de ICMS aos exportadores agrícolas e de commodities, às jogadas da Ambev com o chá de Guaraná da Zona Franca, a engenharia fiscal desproporcional de grandes grupos. A palavra gastança é repetida por 10 entre 10 jornalistas medíocres, que apontam saúde e educação como escoadouros de desperdício.

Aliás, em um caso raro, há uma belíssima reportagem de Mateus Coutinho e Felipe Coutinho, na UOL, mostrando a hipocrisia dos críticos da gastança.

– a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil criticou a gastança, mas com isenções de R$ 59,7 bilhões.

– o setor de combustíveis critica a gastança e recebeu incentivos de R$ 31,1 bilhões

Na Educação, há infraestrutura precária no ensino médio, falta de recursos para as universidades e falta de materiais didáticos. Fornecer o básico é gastança?

Há falta de recursos para transporte público, saneamento básico, assistência social. A maioria dos professores da rede pública federal não têm reajuste desde 2019; os servidores do INSS estão com os salários congelados desde 2017.

Onde está a gastança? O orçamento total das Universidades Federais para 2024 está em R$ 6,2 bilhões. Indague desses gênios do senso comum onde está a gastança e ninguém conseguirá identificar.

Para 2024, o pagamento de juros da dívida pública está previsto em R$ 740 bilhões, ou 6,9% do PIB. Em 2023, com a Selic média em 13,25%, os juros da dívida pública chegaram a R$ 729,9 bilhões. Se a Selic estivesse em 7%, os juros teriam sido de R$ 597,7 bilhões, redução de R$ 132,2 bilhões em relação ao que foi pago.

Para efeito de comparação, em 2024 o orçamento previsto é de:

R$ 231,3 bilhões para Saúde;

de R$ 82,9 bilhões para Educação;

de R$ 106,1 bilhões para Infraestrutura.

Só esse diferencial de juros equivale a 7 vezes o que é pago para todas as universidades federais.

Aí vem os idiotas da objetividade alegar que os juros são altos porque o risco de inflação é alta ou há ameaça de déficit público, a tal da gastança. E ainda soltam matérias enormes denunciando as fakenews das redes sociais.

Analise a taxa básica de juros, a inflação e o resultado nominal das contas públicas nas principais economias europeias e compare com as brasileiras.

País Taxa básica de juros Inflação (últimos 12 meses) Resultado nominal das contas públicas (% do PIB)
Alemanha 0,00% 7,90% -2,30%
França 0,25% 5,80% -1,70%
Itália 1,00% 6,00% -7,20%
Espanha 1,25% 8,70% -5,40%
Holanda 0,50% 9,60% -1,10%
Portugal 1,00% 9,20% -3,00%
Grécia 0,75% 9,10% -7,50%
Bélgica 0,50% 8,60% -2,80%
Áustria 0,00% 8,20% -1,90%
Finlândia 0,50% 5,20% -1,50%

Não apenas isso. Compare as taxas de juros internas do crédito pessoal com as da França, por exemplo:

Taxas médias: No Brasil, a taxa média do crédito pessoal em dezembro de 2022 era de 30,1% ao ano, enquanto na França era de 3,9% ao ano em maio de 2024.

Compare as taxas médias de outros países com a inflação anual:

País Taxa média anual de juros (%) Inflação anual (%)
França 3,9 5,8
Suíça 4,5 2,5
Luxemburgo 4,7 5,1
Finlândia 4,9 2,3
Holanda 5,1 8,8
Alemanha 5,3 7,9
Irlanda 5,7 5,9
Portugal 5,9 9,2
Bélgica 6,1 10,5
Áustria 6,3 8,2

Ou, então, o custo da dívida pública.

País Títulos Taxa de juros (Ano)
Alemanha Bund (10 anos) 2,12%
França OAT (10 anos) 1,78%
Itália BTP (10 anos) 3,83%
Espanha Bono (10 anos) 2,67%
Portugal OT (10 anos) 3,12%
Holanda State Bond (10 anos) 1,87%
Bélgica OLO (10 anos) 2,25%
Grécia Greek Government Bond (10 anos) 4,15%
Irlanda 10-Year Government Bond 1,98%
Áustria AT10Y (10 anos) 2,31%

E aqui, os títulos brasileiros:

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