Lula afirma que petistas não podem abaixar a cabeça e que sobreviverá à campanha de ódio

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Em um discurso firme e otimista nesta quinta-feira (29), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do Congresso Nacional a votação dos projetos encaminhados pela presidenta Dilma Rousseff para o ajuste fiscal. “A prioridade zero é aprovar essas medidas para o País voltar a crescer, gerar emprego e para que a renda continue chegando no bolso do trabalhador”, defendeu Lula, na reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Lula também fez uma análise da conjuntura, do momento delicado que o Brasil e o partido vivem, chamou a militância para defender o legado dos 12 anos de governo do PT e aliados e observou que “o partido é atacado pelas coisas boas feitas neste País”. Ele citou o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo e o orçamento participativo.

O presidente de honra do PT destacou que as críticas acirradas e sem trégua da oposição, com apoio de parte da mídia, têm o objetivo de apagar da memória do povo o legado de 12 anos, “o mais profícuo deixado por um governo na história do Brasil”. E aproveitou para mandar o seu recado: “Sabem que esse partido reage como se fosse fênix. Sai das cinzas mais forte do que ele estava antes de qualquer coisa. Esperem as eleições de outubro de 2016 para eles perceberem o que vai acontecer nesse País”, desafiou.

Lula garantiu também que vai sobreviver à campanha de criminalização e de ódio promovida contra ele. “Serão três anos de pancadaria, mas eu vou sobreviver”, enfatizou. Ele disse que aprendeu a enfrentar a adversidade. “Podem ficar certos: eu vou sobreviver. E eles (oposição e parte da grande mídia), terão a credibilidade que imaginam que tem?”, questionou Lula.

O ex-presidente Lula ainda ironizou as recentes denúncias contra sua família. “Eu ainda tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida, não sei qual é o processo que virá contra o meu neto que vai nascer”, brincou.

Impeachment – Lula alertou também que o partido não pode permitir que se discuta o impeachment “sem base legal”. “O tempo do governo é um tempo que urge, precisamos garantir que a companheira Dilma tenha tranquilidade pra trabalhar e governar o País”. E reforçou: “Não podemos permitir que discutam o impeachment sem base legal, se a moda pega, qualquer um que perde a eleição entra com pedido de impeachment”. O ex-presidente citou a agenda negativa da oposição com os 19 pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff “sem nenhuma base legal” e lembrou que o PSDB, inconformado com a sua quarta derrota na eleições presidenciais, pediu ao TSE a recontagem de votos logo após as eleições de 2014 e ainda apresentou quatro representações no tribunal pedindo a anulação do pleito.

Base aliada – Na avaliação do ex-presidente, hoje é mais difícil costurar acordos políticos no Legislativo, pois os líderes partidários não têm o mesmo controle sobre suas bancadas. Lula citou também como um “componente novo”, a influência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre um grupo suprapartidário de deputados. Lula destacou ainda que o PT virou espécie de “patinho feio, a coisa rejeitada”. E citou que chegou ao “cúmulo” de o PT não participar de CPIs.

Ele defendeu que é preciso reorganizar a base aliada e elogiou os movimentos da presidente Dilma para dialogar pessoalmente com a base. Lula destacou também a condução do diálogo político com a base aliada e com o Congresso Nacional após Ricardo Berzoini assumir a Secretaria de Governo da Presidência da República. “Nos últimos dois meses houve uma melhora na relação política e a tendência é consolidar essa relação política”, previu.

Economia – Lula disse também que não se pode colocar a “culpa” dos efeitos da crise econômica e da queda da arrecadação no ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “A União está com pouca capacidade de investimento, porque tem pouca capacidade de arrecadação. É por isso que Dilma mandou para o Congresso Nacional a recriação da CPMF, uma solução mais razoável. Mandou a MP de repatriar dinheiro lá fora. Mas o Estado brasileiro está com baixa capacidade de arrecadação. É só ver o Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia. Os governos estaduais têm baixa capacidade de arrecadação e jogam a culpa em cima da Dilma. Mas e a Dilma, ela vai jogar em cima de quem? De Deus? Não pode jogar em cima do Levy. Temos que jogar em cima de nós mesmos”, ponderou.

Lula foi taxativo em afirmar que ninguém quer arrumar a economia brasileira o mais rápido possível do que a presidenta Dilma, para o PIB voltar a crescer, para que haja aumento do salário mínimo, para que se reduza a inflação, aumente o crédito e para que o País volte a gerar emprego e renda.

O ex-presidente fez uma comparação entre o primeiro ano do mandato da presidenta Dilma Rousseff e o primeiro ano do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula citou que em 1999 o governo FHC quebrou o País, recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e aceitou a política neoliberal imposta pelo fundo. “Em 1999 a reserva brasileira era de US$ 13 bilhões, hoje são US$ 370 bilhões; a dívida brasileira em 1999 correspondia a 48% do PIB, hoje corresponde a 35% do PIB; a taxa Selic em 1999 era de 45% hoje é de 14,5% e o desemprego no governo FHC era de 12%, hoje está em 7,5%. “Então, que moral os tucanos têm para nos criticar?”, questionou.

Bolsa Família – O presidente de honra do PT também criticou a intenção de corte de R$ 10 bilhões no Programa Bolsa Família, anunciada pelo relator do Orçamento da União de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR). “As pessoas vão perdendo a razão e falando qualquer coisa que vem à cabeça”, ponderou.

Eleições – Sobre as eleições de 2016, o ex­presidente disse que cada cidade tem a sua realidade e os eleitores vão escolher de acordo com essa realidade. Ele afirmou que o PT tem chance de vencer a eleição municipal em São Paulo no ano que vem. E alertou: “Precisamos estar preparados para surpreender os adversários nessa campanha e podem ficar certos que temos chances de ganhar a capital de São Paulo”, reforçou. Lula disse que o PT não pode se guiar por pesquisas feitas na avenida Paulista, porque a força do partido está na periferia. “O que eles chamam de grotões é onde nós ganhamos, e eles ganham nos grotões das pessoas mais ricas”, afirmou.

Para o ex-presidente Lula o partido tem história e legado. “Precisamos ir para as ruas e mostrar, recontar o que já fizemos para melhorar o salário mínimo, para gerar emprego e renda, para crescer com sustentabilidade”, defendeu.
Lula disse ainda que os petistas não podem abaixar a cabeça “ao ouvir um ladrão chamar o PT de corrupto”. “O PT tem que levantar a cabeça, temos defeitos e cometemos erros, mas qual foi o partido que fez mais pelo povo do que o PT?”, questionou.

Movimento social – Lula destacou ainda que a base de sustentação do partido são os movimentos sociais. “A nossa sustentação vem da lealdade, do compromisso e do comportamento dos movimentos sociais”, afirmou. O ex-presidente disse que os movimentos entendem que, se tá difícil agora, ficará pior com a oposição no poder. “Eles sabem que com a oposição eles vão é perder o que foi conquistado com muita luta”, afirmou.

Educação – o ex-presidente Lula disse que a educação tem que ser a palavra de ordem e a motivação para a volta do PT às ruas e afirmou que o Plano Nacional da Educação (PNE) tem as metas capazes de garantir a revolução educacional que o País precisa. “Nós avançamos muito nos últimos 12 anos, mais é preciso muito mais. As 20 metas do PNE têm prazo e tratam da creche à universidade por isso elas devem ser o compromisso dos prefeitos e dos governadores”, defendeu.

Vânia Rodrigues

Foto: Ricardo Stuckert

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