Inspirado em Zola, Lindbergh cita Eduardo Cunha, Fiesp, Globo e PSDB como principais conspiradores do golpe

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O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) acusou, nesta segunda feira (29), o presidente ilegítimo Michel Temer, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a Fiesp, a Rede Globo, as elites brasileiras e o PSDB de serem os “conspiradores” do golpe de Estado contra uma presidenta legitimamente eleita, porque não aceitaram o resultado das eleições. “Eu acuso Eduardo Cunha e Michel Temer de liderarem uma conspiração parlamentar contra o seu mandato, que culminou naquela sessão de 17 de abril, que foi chamada de uma assembleia de bandidos comandada por um bandido, pelo escritor português Miguel de Souza Tavares”, afirmou, num discurso claramente inspirado no célebre libelo “J’accuse”, do escritor francês Émile Zola, que denunciou em artigos, no final do século XIX, a brutal injustiça contra o oficial do exército Alfred Dreyfus, vítima de preconceito e xenofobia em razão de sua origem judaica.

E continuou: “É um golpe de classes, é um golpe contra a classe trabalhadora”. Ele citou ainda que a Globo, que há três anos pedia desculpas ao País por seu apoio ao golpe militar de 1964, “agora embarca em outro golpe”.

Lindbergh Farias pediu que a presidenta Dilma também falasse sobre o que está por trás desse golpe. Dilma disse que a proposta de impeachment ficou manchada pela “indelével marca da chantagem, do desvio de poder e da tentativa de se furtar a investigações”.

E continuou: “Ela tem um padrinho. Esse padrinho se chama Eduardo Cunha. Os outros foram coadjuvantes, e como coadjuvantes emprestaram seu nome e credibilidade ao mais vergonhoso processo de impeachment, que tinha por base evitar o julgamento do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha”, afirmou Dilma.

A presidenta disse ainda que uma das razões para que se realize o impeachment é a preocupação em “estancar a sangria e impedir que a Lava Jato chegue a atingir a classe política”. Outra motivação, afirmou Dilma, foi impor uma pauta que não foi e não seria aprovada nas urnas, sobre quem vai tirar o País da crise econômica.

“Essa questão ficou clara quando o pato apareceu no cenário das ruas. Quem paga o pato? Quem fornece os recursos necessários para o País sair da crise? Alguns acreditam que são os trabalhadores, a classe média, os pequenos empresários. Isso não é possível. Diante da crise não se pode implantar um programa ultraliberal em economia e um programa ultraconservador que tira direitos pessoais e coletivos”, afirmou.

Farsa jurídica – A senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS), que foi ministra da Casa Civil no primeiro governo Dilma, afirmou que o julgamento da presidenta é “fruto de uma farsa jurídica e uma violência política, um atentado à Constituição brasileira”. Ela frisou que, se somados, “os erros cometidos pelos senadores são maiores que os cometidos pela presidenta Dilma”. “O que nos dá o direito de julgá-la, de apontar para ela os dedos, se a crise econômica que assola esse País teve muita culpa desse Congresso?”, questionou.

A senadora Gleisi criticou os senadores que agora acusam Dilma de crime de responsabilidade, lembrando que eles não se opuseram a fazer alterações às metas fiscais ou defenderam cortes de verbas, mas, ao contrário, “sabem da importância das políticas públicas e brigavam para ter os investimentos em seus estados”.

Gleisi perguntou à presidenta se, caso o governo seguisse a orientação do TCU (Tribunal de Contas da União) e fizesse o ajuste fiscal em meados de 2015, teria sido possível realizar todos esses investimentos e obras, como os aeroportos que foram elogiados pelos turistas durante a Olimpíada.

A presidenta Dilma, em resposta, listou uma série de investimentos nas áreas de mobilidade urbana, incentivo ao esporte de alto rendimento, redução da pobreza extrema e habitação que foram realizados pelo seu governo. “O que eu mais orgulho é o fim da miséria. Nós tiramos o Brasil do mapa da fome, eu tenho muito orgulho disso”, enfatizou.

Traição – O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que a presidenta Dilma Rousseff está sendo perseguida e que foi traída. “A dor de uma traição é pior do que as balas e as baionetas. A maioria sabe aqui nesse plenário que a senhora é inocente. Esse processo está desmoralizado não mediante o Brasil, mas mediante o mundo, afirmou. Ele disse ainda que Dilma tem uma história “impecável, honesta e fiel às causas do povo brasileiro”. E acrescentou que tem muito orgulho de ter acompanhado a trajetória da presidenta nos últimos 40 anos.

O senador destacou uma série de programas sociais dos governos Lula e Dilma, como a valorização do salário mínimo, o avanço da classe média, a Lei das Domésticas, o Fies e os gastos com saúde e educação. E aproveitou para criticar o presidente interino, Michel Temer, a quem acusou de estar “atacando direitos trabalhistas” e “querendo revogar a CLT”.

Dilma agradeceu e disse que considera entre as maiores realizações sociais do seu governo e do governo Lula a política de valorização do salário mínimo. “Ela foi um dos esteios da redução significativa da desigualdade social no nosso país, na contramão do que vinha ocorrendo nos países desenvolvidos”, afirmou. Ela citou ainda o Bolsa-Família, a lei de cotas, que “mudou a cor da universidade pública e tornou-a mais democrática”, sem diminuir a qualidade do ensino, e do seu orgulho do Mais Médicos.

Vânia Rodrigues, com agências

Foto: Divulgação

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