Paulo Pimenta, deputado federal (RS), líder da Bancada do PT na Câmara, esteve na Vigília Lula Livre no dia 28 de fevereiro, após visita ao ex-presidente Lula (PT) em Curitiba (PR). Em entrevista ao Brasil de Fato, ele afirma que as políticas no plano internacional e a proposta de reforma da Previdência mostram à população o caráter antinacional e antipopular do governo Bolsonaro (PSL).
Confira os melhores momentos da conversa:
Brasil de Fato Paraná: Bolsonaro acaba de receber Juan Guaidó, que se autodeclara presidente da Venezuela. Como você analisa essa postura do governo brasileiro?
Paulo Pimenta: O Brasil cumpre um papel de submissão aos interesses norte-americanos e essa política adotada pelo governo Bolsonaro é uma política totalmente antinacional. Ele recebe o Guaidó para fazer parte de uma trama internacional que interessa aos interesses norte-americanos. O objetivo é se apropriar das reservas de petróleo da Venezuela. Ao mesmo tempo, o Diário Oficial traz uma medida que retira alíquotas de importação que protegem 600 itens da nossa economia, trazendo um enorme prejuízo para a indústria brasileira.
Diante de um governo que desmonta direitos sociais, trabalhistas e nacionais, a bandeira “Lula Livre” pode ganhar força?
Eu acho que existem dois elementos novos na conjuntura. O primeiro é essa nitidez, na política internacional do governo Bolsonaro, que permite que a sociedade faça uma leitura acerca da perda da soberania. Quer dizer, o papel que o Brasil exerceu durante o governo do presidente Lula, no Mercosul, na Unasul, no G8, no G20, no Brics, tudo isso foi colocado por terra, e mudou o posicionamento internacional do nosso país. Por outro lado, o tema da reforma da previdência mostra as consequências do golpe e faz com que as pessoas percebam como que isso afeta a sua vida.
Esse seria o outro mote para debate com a população?
O tema da Reforma da Previdência tira do plano da discussão teórica as consequências do golpe e faz com que as pessoas percebam como isso afeta a sua vida. E a proposta de destruição da previdência pública atinge especialmente as camadas mais humildes da população. Os idosos, carentes, os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, os aposentados no INSS. E ela é absolutamente covarde em relação aos grandes privilégios, ela não fala em regulamentação dos supersalários, do teto salarial, do combate aos grandes sonegadores, a proposta não fala sobre acabar com o privilégio das grandes pensões. Então, à medida que o povo percebe isso, ele se dá conta que o governo Bolsonaro é um governo antipovo.
Então, nós entendemos que a reforma da Previdência é uma oportunidade de retomarmos a ofensiva da luta política, porque nós podemos percorrer o Brasil, falando com as pessoas, diferente do que é numa campanha eleitoral, que você vai para pedir alguma coisa, você não vai para pedir nada, vamos para dialogar com as pessoas, para mostrar a importância da resistência e para fazer o link entre o impeachment da Dilma, a prisão do Lula e a reforma da Previdência. Para que elas entendam que isto que está acontecendo, só foi possível, porque teve o impeachment contra a Dilma e porque impediram o Lula de ser candidato.
Por Brasil de Fato