Líder do PT pede renúncia de Moro e anuncia obstrução total na Câmara

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), pediu hoje (10) a renúncia do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, para que a Polícia Federal possa investigar sem empecilhos denúncias de que o ex-juiz e o procurador do Ministério Público Federal no Paraná Deltan Dallagnol manipularam as investigações e procedimento da Lava Jato com objetivos políticos e partidários.

Pimenta anunciou também que a oposição entrará em obstrução total na Câmara dos Deputados enquanto medidas concretas não forem adotadas para apurar o caso, tanto no âmbito do Parlamento como no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria-Geral da República.

Apuração de denúncia

O anuncio de Pimenta foi feito em entrevista coletiva juntamente com a líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e o líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), que também pediram a renúncia de Moro. Segundo Pimenta, a oposição vai definir sua estratégia amanhã, em reunião entre os líderes no Congresso com os presidentes do PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB. Independentemente dos encaminhamentos da reunião, Pimenta frisou a importância da adoção de medidas cautelares para que se avance na apuração da denúncia publicada domingo (9) pelo site The Intercept Brasil.

Pimenta defendeu que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afaste os procuradores Dallagnol e Laura Tessler, que aparecem nas matérias do site em conversas criminosas com Moro. Moro e os procuradores agiram de maneira política, primeiro manipulando e forjando provas para condenar Lula de forma acelerada, a fim de tirá-lo da disputa eleitoral de 2018. Depois, para prejudicar Fernando Haddad, candidato do PT.

Destruição de provas

Segundo Pimenta, a PGR precisa instaurar imediatamente processo disciplinar contra os procuradores que se envolveram na articulação criminosa com Moro, além de recolher seus celulares, computadores e laptops funcionais, de modo que não destruam provas.

Tanto Pimenta como Feghali observaram que a questão não se reduz ao campo da esquerda ou da oposição. “Cabe ao Parlamento, não apenas à esquerda e à oposição cobrar as investigações. Porque tem um grande impacto na democracia brasileira. Também é um problema da Procuradoria-Geral da República”, disse Feghali.

A oposição cogita também propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso.

Revelação

O site The Intercept revelou, no último domingo (09/06/2019), uma série de conversas telefônicas entre integrantes da Lava Jato que mostram ingerência de Moro na atuação dos procuradores e combinação com eles sobre como adotar procedimentos. A publicação apresentou mensagens privadas, gravações em áudio, fotos, vídeos e documentos judiciais que foram compartilhados entre o agora ministro da Justiça e o procurador. As leis brasileiras proíbem claramente esse tipo de relação entre juiz e procurador.

Veja a íntegra da entrevista coletiva da Oposição:

 

 

 

PT na Câmara

 

 

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