Líder do PT homenageia dom Paulo Evaristo Arns

lider PT1509_D1O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP) prestou homenagem na Câmara a dom Paulo Evaristo Arns, cardeal e arcebispo emérito de São Paulo, que completou ontem 90 anos de nascimento.

“Ele fez de sua vida um apostolado em nome da Igreja Católica, cumprindo com determinação a missão de lutar pela liberdade do povo brasileiro e defender as causas do humanismo cristão, inspirado na fé de Jesus Cristo e iluminado pelo exemplo de São Francisco, de João XXIII, dom Helder Câmara e de outras figuras que honraram a longa história do cristianismo”, diz trecho do discurso do líder.

Ontem, quando comemorou seu aniversário, dom Paulo recebeu amigos e companheiros de militância em sua casa, em Taboão da Serra, Grande São Paulo, onde vive recluso.

Leia a íntegra:

Homenagem aos 90 anos de dom Paulo Evaristo Arns

Ontem, celebramos os 90 anos do nascimento de dom Paulo Evaristo Arns. Brasileiro ilustre, nasceu em Forquilha, Criciúma, Santa Catarina, em 14 de setembro de 1921, filho de uma família de pequenos agricultores, fez de sua vida um apostolado em nome da Igreja Católica, cumprindo com determinação a missão de lutar pela liberdade do povo brasileiro e defender as causas do humanismo cristão, inspirado na fé de Jesus Cristo e iluminado pelo exemplo de São Francisco, de João XXIII, dom Helder Câmara e de outras figuras que honraram a longa história do cristianismo.

Ordenado em 1945, Dom Paulo Evaristo Arns foi sagrado bispo, em 1966, pelo Papa Paulo VI. O mesmo Papa que o nomearia arcebispo e cardeal de São Paulo, quatro anos depois, em pleno regime militar, quando rugiam o arbítrio e a chibata, quando a tortura havia sido erigida à condição de método de governo.

Coube a esse filho de camponeses, de origem alemã, ungido com a púrpura cardinalícia e fundado em profundos valores humanos e cristãos enfrentar o arbítrio, liderar a reação da Igreja Católica contra a violência e a brutalidade, dialogar com todos os credos em nome da liberdade, consolar as famílias das vítimas, tentar proteger os torturados, denunciando as torturas, animar os humilhados e os ofendidos em sua mobilizações por liberdade e contra e exploração capitalista exacerbada pela opressão da ditadura. As tarefas que a história colocou deste pastor não foram pequenas, mas ele soube desempenhá-las com determinação, coragem e dignidade.

Abrindo a missa de sétimo dia de Vladimir Herzog, na Catedral da Sé, cercada de policiais, falando a oito mil pessoas, ao lado do Pastor Jaime Wright e do Rabino Henry Sobel, Dom Paulo Arns com coragem profética anunciou: “Maldito seja aquele que tem as mãos manchadas pelo sangue de seu irmão”, com esta mesma firmeza visitou os presos políticos, denunciou a tortura em todos os âmbitos, abriu as portas das Igrejas e das casas paroquiais para que os movimentos sociais e populares, que começavam a se organizar, para reivindicar os direitos básicos dos mais humildes e desafiou a tortura a partir das páginas do jornal “O São Paulo”, pertencente à Diocese de São Paulo.

Cabe destacar também sua atuação pastoral voltada aos habitantes da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base nos bairros, principalmente os mais pobres. Renovou o plano pastoral da arquidiocese de São Paulo, criando novas regiões episcopais, criou quarenta e três novas paróquias. Em 1972 criou a Comissão Justiça e Paz, de São Paulo. Incentivou a Pastoral da Moradia, a Pastoral Operária e a Pastoral da Mulher Marginalizada.

À Comissão de Justiça e Paz prestou um inestimável trabalho humanitário fornecendo assistência às vítimas de tortura e prisões políticas e na divulgação de denúncias públicas sobre os crimes perpetrados pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Ela foi composta por um representativo grupo de voluntários, no qual figuraram pessoas como Hélio Bicudo, Dalmo de Abreu Dallari, Fábio Comparato, entre outros.

Nos anos de violenta repressão, as vítimas de violações dos direitos humanos recorriam com freqüência à sede da Igreja de São Paulo à procura de sua ajuda e de seu auxílio. Foi graças a seu trabalho exemplar em defesa dos direitos humanos que em maio de 1977 dom Paulo recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” (juntamente com o presidente norte-americano Jimmy Carter) na Universidade de Notre Dame, Indiana, Estados Unidos.

O Brasil deve muito a Dom Paulo, nada mais infundado do que a pecha que a extrema-direita militar, tentava colar em sua pessoa, de fundamentalista religioso. Muito longe disso, o arcebispo emérito de São Paulo sempre foi um homem de seu tempo, homem do “agiornamento”, do ecumenismo e da tolerância.

Ele sempre soube diferenciar o papel da Igreja do papel das instituições políticas. Ele lutou pela liberdade e recusou a intolerância, seu nome merece repercutir eternamente na memória da humanidade.

Brasília, 15 de setembro de 2011.

Deputado Paulo Teixeira/ Líder do PT

Equipe Informes

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também