O líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, Enio Verri (PR), lamentou hoje (18) que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenha retirado de pauta a Medida Provisória (MP 1000/2020) com a qual Jair Bolsonaro reduziu de R$ 600,00 para R$ 300,00 o valor do auxílio emergencial distribuído durante o período de pandemia de Covid-19. Para o deputado, o Plenário deveria ter votado e aprovado, não só a restituição do valor original de R$ 600,00 como também a permanência do benefício até o fim da pandemia.
Rodrigo Maia havia colocado em votação a MP 1000/2020 em decorrência da acusação de Bolsonaro de que o 13º do Bolsa Família só não foi instituído por causa de decisão do presidente da Câmara. Maia chegou a afirmar nesta semana que atendeu a um pedido do próprio Executivo quando decidiu não pautar a MP 898/2019, que contemplava o benefício, e por isso iria incluir o 13º na MP 1000, que acabou não sendo pautada nesta sexta-feira por pressão da base do governo.
Governo contra os pobres
Na opinião de Enio Verri, quando o governo e sua base na Câmara obstruíram a votação da MP 1000 demonstraram nitidamente que atuam contra os interesses dos mais pobres, seguindo a cartilha ultraliberal que vem sendo adotada desde a posse de Bolsonaro. Como exemplo de retrocesso, citou as reformas da Previdência e da legislação trabalhista contra os trabalhadores e em benefício do grande capital, além de outras medidas supressora de direitos históricos. “Quero denunciar o governo e sua base por mais uma atitude irresponsável com a população brasileira”, disse o deputado.
O líder do PT somou-se a todos os demais parlamentares que denunciaram a mentira de Bolsonaro contra Rodrigo Maia. De acordo com ele, apesar de o presidencialismo dar mais evidência ao Executivo, quem não deixou o País parar, em 2020, apesar do esforço de Bolsonaro, foi o Legislativo. “Quando o Poder Executivo não funciona, quem cumpre esse papel é o Legislativo. E foi exatamente o que aconteceu neste ano”.
Bolsonaro, o incompetente
Em sua análise, o País está muito mal, mas estaria pior sem a atuação do Congresso Nacional, apesar diferenças gigantescas entre os partidos políticos. “Quando o governo queria transferir R$ 200,00, o Congresso, com todas as suas diferenças, de forma unida, foi lá e garantiu R$ 600,00. Quando as micro e pequenas empresas estavam falidas e desesperadas, o Congresso foi lá a aprovou o Pronampe”, destacou Enio Verri.
Para ele, a votação da MP 1000/20 seria um alento às famílias que tiveram o benefício cortado. “Toda a oposição tem, há muito tempo, obstruído sessões para exigir a votação da MP. Se, com R$ 600,00 a população tem dificuldade de se manter, cortar pela metade, é um crime”, denunciou o parlamentar.
Verri chamou a atenção para a inflação do preço dos alimentos que, segundo Bolsonaro, se deve ao aumento do consumo causado pelo isolamento social. Segundo o deputado, a corrosão inflacionária sobre o agora reduzido auxílio emergencial de R$ 300,00 transforma o poder de compra em R$ 150,00. A redução do valor, para o líder petista, mostrou que Bolsonaro resolveu tirar a comida da boca de mais de 50 milhões de brasileiros que passam fome. De acordo com Verri, ao contrário do pensa Bolsonaro, a pandemia não é como o orçamento do ano, que se encerra no fim de dezembro.
“Ela (a pandemia) está aí e volta mais forte. E o que vai acontecer com a população a partir de janeiro? Não tem emprego, a indústria está em crise, não foi aprovada a lei Assis Carvalho, que garantiria um mínimo para a agricultura familiar. A lei Aldir Blanc será extinta sem o acesso de boa parte dos profissionais da área da cultura que teriam direito”, lamentou Enio Verri.
Governo dos ricos
Para o líder do PT, o governo existe para quem já tem demais e é invisível para a grande maioria da população de um País onde 1% detém quase 30% de toda a renda nacional. De acordo com o parlamentar, o Brasil vive uma inversão de valores, o que deixa nítido a natureza do desgoverno Bolsonaro.
Desagravo
O líder da bancada denunciou um ataque à deputada Erika Kokay (PT-DF), que teve a sua fala interrompida na sessão de quinta-feira (17) pelo deputado Giovani Cherini (PL-RS) de modo ofensivo e machista. Para Enio Verri, trata-se de um comportamento que tem se tornado comum quando a agressão é contra deputadas, mas não é muito comum entre deputados. A seu ver, um comportamento machista e inadequado para uma instituição do tamanho e da importância da Câmara dos Deputados.
“Todos nós somos parlamentares e temos o direito à palavra, concordando ou não com o outro parlamentar que muitas vezes nos obriga a ouvir coisas com as quais ficamos arrepiados, em relação à saúde pública e em relação à visão de mundo. Faço um apelo para que isso não se repita nesta casa”, declarou Enio Verri.
Redação PT na Câmara