Líder do PT cobra reação da Câmara às ameaças de Bolsonaro e pressiona Lira por impeachment

Líder Bohn Gass. Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

O líder do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), cobrou hoje (8) do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a abertura imediata de processo de impeachment do presidente neofascista Jair Bolsonaro, diante da gravidade dos discursos golpistas proferido pelo ex-capitão no dia 7 de Setembro. “Ele incita, inclusive, ocupações em instituições, como o Supremo Tribunal Federal, e amanhã poderá ser o Congresso Nacional”, advertiu Bohn Gass.

Para Bohn Gass, é gravíssima a ameaça de Bolsonaro de não respeitar a Constituição e atuar fora dela, desrespeitando as decisões do STF. “Esta é uma afronta à Constituição, portanto, a Câmara não pode ficar calada.” “Esta Casa tem que se posicionar”, afirmou Bohn Gass, desafiando Lira a ter “posição firme contra o arbítrio que está sendo instalado no País”.

Impeachment já

O líder do PT criticou a posição do presidente da Câmara de apenas atuar para “apaziguar” o confronto entre Bolsonaro e o STF, pois o embate é provocado pelo presidente da República. Para Bohn Gass, é a Câmara quem tem de dar “um basta”, atuando como fiscalizadora da corrupção no governo Bolsonaro, como a CPI da Covid tem mostrado, e pautar o impeachment.

“ Precisamos levantar a voz, antes que seja tarde. Nós precisamos mostrar a nossa firmeza para impedir o avanço dessas atitudes antidemocráticas, e sim fazer progredir o processo de impeachment”,disse Bohn Gass.

Com a inércia de Lira face à gravidade da situação, Bohn Gass destacou que Bolsonaro, em seus ímpetos ditatoriais, atacou de forma grave a democracia, num leque que vai da Constituição e o Congresso Nacional ao STF e o Tribunal Superior Eleitoral.

Ele lembrou que o capitão-presidente voltou a colocar em dúvida a lisura do processo eleitoral do País, embora tenha sido eleito deputado e depois presidente desde o início do funcionamento das urnas eletrônicas, e insuflou a desobediência civil ao ameaçar não cumprir decisões do STF.

O líder do PT qualificou como “afronta” ao Legislativo de Bolsonaro a fala sobre o voto impresso, “assunto já encerrado, pois a Câmara o colocou “soberanamente na lata do lixo”. Portanto, acrescentou o parlamentar, o capitão-presidente jogou “suspeita sobre o processo eleitoral e fez uma acusação à democracia e às instituições que coordenam o processo eleitoral no País.”

Lula, a esperança

“A forma de nós dizermos não a este avanço antidemocrático no País é abrir os processos de pedidos de impeachment nesta Casa”, recomendou o líder do PT. “Nós já temos mais de 120 pedidos de impeachment registrados aqui, e não houve andamento. Nós precisamos que haja andamento nesses processos. Esta Casa não pode chancelar as atitudes antidemocráticas”.

Bohn Gass frisou a diferença de comportamento entre o ex-presidente Lula e o atual chefe do governo militar. O líder do PT recordou que na segunda-feira (6), em pronunciamento ao povo brasileiro, Lula falou que o Brasil tem jeito e instilou esperança na criação de empregos, de renda e de dia melhores para os brasileiros, com um modo de governar como fez entre 2003 e 2010, colocando o Brasil no 6º lugar do ranking da economia global. Com Lula, o Brasil tornou-se referência em termos de justiça social e preservação do meio ambiente

Capitão do ódio

Bolsonaro, ao contrário, nos discursos que fez no dia 7 de Setembro, não trouxe nenhuma palavra de esperança, só incitou “atos violentos e antidemocráticos”, observou Bohn Gass. “Ele não fala da vida daquelas pessoas que vão a um açougue, pegar um osso, porque não podem mais comprar carne, não falou dos quase 15 milhões de desempregados, dos 6 milhões de desalentados, que sequer vão pedir emprego; e nem dos 34 milhões que estão no subemprego neste País; não houve uma palavra do presidente da República sobre esse tema.”

Bohn Gass assinalou que o Brasil está à deriva com o desgoverno Bolsonaro, que permitiu a volta da inflação e a disparadas dos preços. Mencionou que o botijão de gás custa mais de 100 reais, o litro de gasolina 7 reais ou mais e o preço do diesel nas alturas, mas não houve uma palavra de Bolsonaro sobre esses e outros problemas reais do Brasil. “Um Presidente da República sem falar nada que interessa ao povo, a não ser afronta à democracia, agressão às instituições, anúncio de desrespeito às decisões do Supremo Tribunal Federal.

“Não houve uma palavra sobre o alto custo, hoje já na bandeira vermelha, na questão da energia,e há possibilidade de falta de energia no próximo período”, comentou Bohn Gass. “ E nós vendo um presidente da República sem falar nada que interessa ao povo, a não ser afronta à democracia e agressão às instituições e às decisões do STF”.

Bohn defendeu também que o presidente do Congresso Nacional , Rodrigo Pacheco (DEM-MG), devolva ao Executivo a arbitrária medida provisória (MP 1038/2020) editada por Bolsonaro na segunda-feira (6|) que mexe no Marco Civil da Internet e impede que plataformas de comunicação das redes sociais suprimam páginas que agridem a democracia e disseminam fake news, agressões, apologia ao crime e à tortura, entre outros crimes. “Esta medida é o marco civil da Internet dos milicianos, é o vale tudo. Ela tem que ser devolvida!”, disse Bohn Gass.

Redação PT na Câmara

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