Foi com indignação e espanto que o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), destacou em plenário a decisão autoritária do governo golpista de Michel Temer de acionar os mecanismos para garantia da lei e da ordem no Distrito Federal (artigo 84 da Constituição). Na prática, as Forças Armadas ocuparam a Esplanada dos Ministérios para dispersar as mais de 100 mil pessoas que ocuparam Brasília nesta quarta-feira (24), contra as reformas Trabalhista e Previdenciária, pelo fora Temer e por Diretas Já. “Não me lembro de ter visto isso nem no período da ditatura militar”, criticou Zarattini.
Na avaliação do líder do PT, que o presidente golpista está querendo fazer, depois da sua desmoralização política e até mesmo como pessoa, é impor a esse País uma ditadura. “Temer faz isso porque este é um governo que não suporta uma manifestação, um governo que não tem condições de continuar. O que está se fazendo na Esplanada não é nenhum assalto ao poder, é uma manifestação. É o movimento sindical. E esse governo, através das tropas da Polícia Militar do DF resolve reprimir duramente e foi essa repressão que levou à desorganização da manifestação. E, agora, já no final da manifestação, aciona a garantia da lei e da ordem. O objetivo é impedir que hajam outras manifestações no País”, denunciou.
Zarattini relembrou que já tinha alertado, em plenário, que o País caminha para uma ditatura com consequências nefastas, não só para a oposição, mas para a democracia do Brasil. Ele informou que o PT, na semana passada, procurou a Secretaria de Segurança do DF para acertar procedimentos para a manifestação e lamentou que somente ontem à noite o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, recebeu uma comissão de senadores para discutir o assunto.
“Também procurei o chefe da segurança institucional da Presidência da República, general de Exército Sergio Etchegoyen, para discutir a manifestação. Ele disse que me retornaria e estou esperando até agora”. Não retornou, segundo Zarattini, porque o objetivo de Michel Temer já estava tomado: “Haveria repressão e, consequentemente, desorganização. Eles achariam o motivo para estabelecer o instrumento de garantia da lei e da ordem. O ministro da Defesa, Raul Jungmann está sujando as mãos, ele já deveria ter saído deste governo, mas não teve coragem”, afirmou.
Vânia Rodrigues
Foto: Jocivaldo Vale