O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) informou nesta terça-feira (16) que a partir de agora vai começar em todo o País uma campanha nacional pela libertação da brasileira naturalizada salvadorenha, Vanda Pignato, ex-primeira-dama e ex-ministra de El Salvador que se encontra detida naquele País. O petista, junto com parlamentares e representantes da OAB, CNBB e ABI, entregou ao embaixador salvadorenho, Víctor Lagos Pizzati, em Brasília, um documento pedindo a liberdade de Vanda Pignato. O processo contra a ex-primeira-dama e ex-ministra começou a correr após a saída do poder da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), de esquerda.
O deputado Paulo Teixeira relatou que o encontro com o embaixador de El Salvador “foi muito bom” e que foram expostos à autoridade salvadorenha os motivos do pedido de libertação de Vanda Pignato.
“Dissemos a ele (o embaixador) que a Vanda já foi absolvida das acusações na justiça civil e que as acusações criminais contra ela não têm justificativa. Também explicamos que esse é mais um movimento de lawfare (mau uso da lei para perseguir um inimigo político) pelo fato da Vanda Pignato já ter sido primeira-dama. Nós pedimos a libertação dela por já ter cumprido os prazos judiciais e por estar em uma situação gravíssima de saúde, com câncer, e necessitar da prisão domiciliar. Por essa razão vamos também instalar um comitê nacional pela libertação de Vanda Pignato”, declarou o petista.
Também participaram do encontro as deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Lídice da Mata (PSB-BA) e Talíria Perone (PSOL-RJ), além dos representantes da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, Paulo Maltus; da OAB, José Geraldo de Souza Jr; e da Associação Brasileira de Imprensa, Hélio Doyle.
Biografia de Vanda Pignato
Nascida em São Paulo, Vanda Pignato se tornou salvadorenha por nacionalização. Ativista política desde a adolescência, formou-se em Direito e dedicou-se à Defesa dos Direitos Humanos, tanto no Brasil como na América Latina. Em 1992 mudou-se para El Salvador e lá, até 2009, foi Diretora do Centro de Estudos Brasileiros na Embaixada do Brasil.
De 2009 até 2014, como Primeira-Dama, foi secretária de Inclusão Social da Presidência da República de El Salvador e presidenta do Instituto Salvadorenho de Desenvolvimento da Mulher (ISDEMU) no governo de Maurício Funes. Depois, seguiu nas mesmas funções, de 2015 a 2019, no governo do presidente Salvador Sánchez Cerén.
Durante sua gestão, Vanda criou e implementou em todo o país o Programa Ciudad Mujer, reconhecido como modelo de políticas públicas de gênero por organismos internacionais e principalmente, unanimidade entre as mulheres salvadorenhas. A brasileira naturalizada também articulou leis e medidas de proteção à mulher, à população idosa e contra todas as formas de discriminação com base no gênero e orientação sexual. Vanda também combateu as oligarquias locais, máfias e grupos criminosos existente naquele país.
Após a saída do poder de seu agrupamento político de esquerda, a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), a ex-primeira-dama começou a ser alvo de sistemática perseguição política e judicial, a exemplo do que ocorreu no Brasil com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Héber Carvalho