A deputada Moema Gramacho (PT-BA) denunciou na tribuna da Câmara nesta terça-feira (22) a hipocrisia dos discursos em defesa da moralidade pública realizada por integrantes da oposição na Casa. Segundo a parlamentar, os ataques direcionados ao governo da presidenta Dilma, ao ex-presidente Lula e ao PT servem apenas como discurso político para viabilizar o retorno da oposição ao poder para esconder as falcatruas desse grupo e de seus aliados.
“Fico surpresa de ver a hipocrisia que reina aqui neste Plenário. Eu não vi até agora nenhum deputado de oposição, que se diz defensor do combate à corrupção, falar que a Lava Jato chegou aos Marinho. Que a Lava Jato chegou a uma pessoa chamada Paula Marinho. Eu não vi ninguém falar aqui dessa empresa que sustenta essa corja, que também está ligada à Brasif, aquela que sustentava a ex-namorada de Fernando Henrique Cardoso enquanto ele era ainda Presidente da República, com relações diretas”, acusou Moema.
Segundo o site Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, um dos documentos apreendidos pela polícia Federal na 26ª fase da operação Lava Jato, na sede paulistana da empresa Mossack Fonseca, aponta o nome de uma certa Paula Marinho de Azevedo. De acordo com o site, a Mossack de São Paulo é uma filial da Mossack do Panamá, considerado um dos maiores “laranjais” do mundo.
Para o Vi o Mundo, oficialmente a empresa faz o que é definido como “proteção patrimonial”: um empresário que queira guardar patrimônio para se proteger da eventual falência de seu negócio monta uma empresa de fachada, por exemplo. Mas na prática, as fachadas podem servir para sonegar impostos, transferir dinheiro de origem indeterminada ou lavar dinheiro de origem ilegal.
O site levanta a coincidência de que um dos controladores do Grupo Globo, João Roberto Marinho, também possui uma filha de nome Paula Marinho de Azevedo. No item número 11 do auto de apreensão, num papel com anotações manuscritas, o nome de Paula aparece ao lado do número 576764-15. Há dois valores associados. O primeiro, de U$ 3.741,00, ligado à data 27 de julho. A outra quantia, ao lado das anotações Total e Paula Marinho Azevedo, é de U$ 134.238,33.
Agora a Polícia Federal está se debruçando sobre os papéis para determinar se o valor se trata do saldo de uma conta bancária ou valor de uma transferência ou pagamento.
O aparecimento de uma anotação na empresa Mossack com o nome de Paula Marinho Azevedo se conecta ao caso da mansão Paraty House, construída de forma irregular na praia de Santa Rita, em Paraty, litoral do Rio de Janeiro. A posse da propriedade é investigada pela Polícia Federal no âmbito da Lava Jato.
Atualmente sem um dono identificado, ela está registrada em nome da Agropecuária Veine Patrimonial, que por sua vez tem como sócia a Vaincre LLC, baseada em Nevada (Estados Unidos).
Um documento apreendido pela Polícia Federal aponta em anuidades a receber pela Mossack o nome da Glem Participações, controladora da Vaincre LLC, e que pertence ao ex-genro de João Roberto Marinho, Alexandre Chiappetta de Azevedo. Ele se separou de Paula, a herdeira global, no final do ano passado. Nas anotações, a anuidade para manter a empresa dona da Paraty House custou U$ 1.535,00.
Brasif– A deputada Moema Gramacho também acusou os falsos moralistas de esquecerem as relações perigosas entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e uma empresa usada para enviar recursos para manter uma ex-namorada no exterior.
Segundo informações do site Vi o Mundo, a Polícia Federal vai investigar os pagamentos feitos através da Brasif à jornalista Mirian Dutra, então na TV Globo. Mirian disse que fechou um contrato de fachada com a Brasif a pedido do ex-namorado, Fernando Henrique Cardoso. Quando o contrato foi fechado a Brasif controlava lojas em aeroportos brasileiros e FHC era presidente da República.
“Seria muito importante que viessem aqui os defensores do combate à corrupção pedir que investigassem tudo. Eu quero uma resposta aqui desses falsos moralistas, que sobem a esta tribuna dizendo que querem combater a corrupção”, finalizou Moema.
Héber Carvalho com informações do site Vi o Mundo
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara