(*) Zeca Dirceu
Finalmente foi marcado para 4 de abril o julgamento do assassino do companheiro Marcelo Arruda, morto friamente, em Foz do Iguaçu, quando comemorava com amigos e familiares seu aniversário de 50 anos, em julho de 2022. O militante do PT, foi vítima do ódio espalhado na sociedade brasileira pelo ex-capitão Bolsonaro.
Foi covardemente baleado pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho. Mas a justiça já começou a ser feita: em 19 de março, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu o torpe policial assassino, que agiu de forma vil quando descobriu que o tema da celebração do aniversário do tesoureiro do PT era o presidente Lula.
Foi um ato bárbaro de violência política, movido por um ódio irracional de um agente policial. Um caso explícito e trágico de ignorância e cólera instiladas pelo ex-presidente e que suscita reflexões sobre a violência em nosso país, tanto a política, cujo ápice foi a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, como a que ocorre no dia a dia, inclusive ações que envolvem policiais.
A violência policial se espalhou pelo Brasil. Há as denúncias, agora levadas à ONU (Organização das Nações Unidas), de violência da PM paulista contra pobres da Baixada Santista, com mais de 40 pessoas mortas por policiais. Também há o caso recente de um entregador de fast-food baleado por um policial carioca, num caso banal de discussão sobre entregande um produto. Ainda, há o envolvimento de policiais no assassinato de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Uma lista interminável de arbitrariedades e truculência.
Está passando da hora da sociedade brasileira debater o tema. Aponto a necessidade de repensar, com policiais e especialistas da área, o tipo de formação, preparo e respaldo psicológico e financeiro dado aos profissionais do setor. Precisam ter equilíbrio emocional para poder estabelecer a paz, não a violência e o ódio.
Mudanças têm que ser feitas até mesmo para preservar a vida dos policiais. Precisam ser bem treinados, bem remunerados e bem equipados. O uso de câmeras nos uniformes deve ser obrigatório, pois protegerá o bom policial, mas principalmente a sociedade, já que o instrumento coíbe abusos.
É preciso questionar a formação atual dos policiais. Talvez as academias policiais ainda funcionem sob a égide da extinta lei de segurança, pela qual qualquer cidadão era potencialmente inimigo do Estado. Precisamos rever tudo, inclusive averiguar as condições psicossociais dos PMs, os casos de depressão que acometem a categoria, a pressão no dia a dia e também situações de assédio por oficiais no exercício da profissão.
Intolerância política
No caso específico do companheiro Marcelo Arruda, foi um ato de intolerância política. Ele foi vítima de um crime político. Um direito violado por um criminoso que ignorou as prerrogativas de outra pessoa de comemorar seu aniversário como quisesse. Marcelo morreu por conta do ex-presidente inelegível, que estimulava diuturnamente a violência, o uso de armas e a intolerância política. Estimulou os extremistas que depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, no 8 de Janeiro, numa tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado de Direito.
Menos de 1 mês antes, um terrorista bolsonarista tentou explodir um caminhão tanque no aeroporto de Brasília. Felizmente, muitas mortes foram evitadas. Ainda em dezembro de 2022, uma horda bolsonarista incendiou carros e ônibus em Brasília e depredou a sede da Polícia Federal na capital do país.
O PT, ao longo de seus 44 anos, sempre disputou as eleições de forma pacífica, com as divergências debatidas no campo das ideias, no marco da civilidade e do respeito ao próximo. Lamentavelmente, o governo passado implementou uma política da morte, com o desrespeito ao próximo, às minorias, num amplo ataque às conquistas civilizatórias obtidas em décadas em nosso país.
Em 2022, o PT lançou uma Campanha Nacional contra a Violência Política. Visava alertar a sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a escalada da violência política no país, com repetidos casos de perseguição a congressistas, filiados e filiadas, militantes de movimentos sociais e de outros partidos de esquerda.
Felizmente, o Brasil de hoje vive um período de reconstrução, com um governo a favor da vida, não da violência e da morte, como era o anterior. Vivemos um tempo de implementação de projetos para melhorar a vida da população brasileira. As eleições deste ano se aproximam e queremos um clima de paz e respeito a quem pensa diferente, como Lula sempre fez e vem fazendo.
Um país pacífico, com tolerância entre as pessoas, é o que queremos. É o que Marcelo queria. Jovem, ele tinha uma vida pela frente, com mulher e 4 filhos. Lutava pela construção de um país justo, democrático, solidário, e trabalhava pela eleição de Lula, que hoje, no governo, implementa projetos alinhados aos ideais do companheiro de Foz do Iguaçu assassinado covardemente por um fascista.
Agora, aguardamos que a justiça seja feita na esfera penal, em 4 de abril, data em que o bolsonarista vai a júri responder por seu crime hediondo. Que a justiça seja feita!
(*) Zeca Dirceu é deputado federal pelo PT do Paraná