Os jovens brasileiros de 15 a 24 anos são as principais vítimas da violência no País. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (23), pelo diretor de pesquisas do Instituto Sangari, Julio Jacobo Waiselfisz, durante sua participação em debate na CPI da Violência Urbana da Câmara. Ele explicou que uma das razões para que os jovens sejam vítimas e protagonistas da violência é a ausência de política pública para esta faixa etária. “A esperança de vida da população em geral melhorou sensivelmente nas últimas décadas, mas isto não aconteceu na juventude, que não teve uma atenção nos setores de saúde, educação e cultura, por exemplo”, argumentou.
Pelo estudo “O Mapa da Violência nos Municípios”, de autoria de Jacobo, a taxa global de mortalidade da população brasileira caiu de 633 em 100 mil habitantes em 1980 para 553, em 2007. Entre os jovens, ficou estável, passando de 128 para 129 no mesmo período. O pesquisador ressaltou também que a violência no interior do País está crescendo mais do que nas grandes cidades, e que “a história da violência é a história do extermínio da juventude”. Segundo ele, os países da América do Sul e do Caribe, seguidos pelos da África, são os que têm maiores índices de morte entre os jovens.
Na sua avaliação, a interiorização da violência no Brasil tem como principal explicação a prioridade para os investimentos em capitais e regiões metropolitanas violentas. “No interior há muitas áreas com pouca presença da segurança pública. Essa áreas se apresentam como um terreno praticamente virgem para ser explorado pela criminalidade”, ressaltou Jacobo.
O pesquisador afirmou ainda que não é a pobreza necessariamente que explica a violência, pois a criminalidade está aumentando também em setores de classe média. Ele informou que apenas entre 8% e 10% dos homicídios são explicados pela questão econômica.
O relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), considerou fundamentais os dados apresentados pelo pesquisador. “Para termos um Sistema Nacional de Segurança Pública, precisamos traçar o perfil da violência no País. Precisamos saber onde ela acontece e quem são os autores”, afirmou. Para Paulo Pimenta é preocupante a expansão da violência na faixa etária de 15 a 24 anos. “A esperança é de que as políticas públicas adotadas pelo Governo Lula para inclusão social dos jovens como acesso à educação, profissionalização e cultura, sejam aliadas na redução desta violência”, afirmou.
Paulo Pimenta também considera fundamental a participação dos municípios nas políticas de segurança pública. Ele enfatizou que atualmente isso é papel dos estados. “Quanto maior for a participação do município menor será o índice de violência, pois são nas cidades que as pessoas vivem”, concluiu.