José Airton: “Contra a violência e o ódio ao povo”

Deputado José Airton. Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Enquanto a comunidade mundial clama por paz, diante dos horrores da guerra, e os brasileiros sofrem com a escalada da violência social, sob a forma de racismo, feminicídio, homofobia e tantos outros tipos de crime, assistimos estarrecidos à manifestação patética e lamentável de um empresário cearense, o senhor Beto Studart, exibindo em vídeo uma arma e defendendo que se arme a população com punhais e peixeiras e sabe-se lá mais o quê. Um vídeo tenebroso, sob o pretexto de homenagear o presidente da República, revelando a natureza hedionda de ambos.

Além da arrogância caraterística, a ação do empresário embute uma cultura de preconceito e ódio que há na elite fascista e reacionária do país. Uma herança escravocrata, que usa a violência como argumento de defesa, mas que na verdade é ferramenta de dominação e extermínio daqueles a quem se acostumaram a explorar e subjugar: o povo pobre. Beto Studart deixa a nu a barbárie que os ricaços estão dispostos a implementar para manter intactos seus privilégios.

O estudo “Violência armada e racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, do Instituto Sou da Paz, mostra que, dos 30 mil assassinatos por agressão armada em 2019, 78% foram contra pessoas negras. Dados do “Monitor da Violência” mostram que, em 2020, no Brasil, 78% dos mortos pela polícia eram negros. O estudo “Pele alvo: a cor da violência policial”, de 2021, aponta que, a cada quatro horas, uma pessoa negra é morta em ações policiais (apenas em seis estados). O senhor Beto Studart pode até não dominar os números acima, mas, ainda que da bolha dourada que sua fortuna lhe proporciona, não tem como ignorar o sofrimento dos jovens negros e pobres do nosso país.

É o que Jessé Sousa define como “elite do atraso”. E recorro às palavras deste grande intelectual brasileiro para concluir: “Isso é o mais característico do Brasil: o ódio patológico ao pobre. É a doença que nós temos. A gente nunca assumiu a autocrítica de que somos filhos da escravidão, com todas as doenças que a escravidão traz: a desigualdade, a humilhação, o prazer sádico na humilhação diante dos mais frágeis, o esquecimento e o abandono da maior parte da população. Esse é o grande problema brasileiro”.

José Airton Cirilo é deputado federal PT-CE

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