Jorge Solla analisa o futuro e a tragédia social agravada pelas reformas de Temer

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Em artigo, o deputado Jorge Solla (PT-BA) analisa os desafios do mundo atual onde a substituição de trabalhadores por máquinas, que atingia apenas o trabalho braçal e mecanizado, hoje também desemprega nas profissões de forte produção intelectual. Neste contexto, para bancar o modelo cruel de previdência que Temer propõe, no Brasil de 2033, quando poderá se aposentar o primeiro brasileiro atingido integralmente pelas novas regras, serão muitos os cidadãos com 65 anos que não terão 25 anos de carteira assinada e não conseguirão se aposentar. Uma tragédia social.

Sobre o futuro

A JPMorgan, terceira maior empresa do mundo, com US$2,3 bilhões em ativos, já não precisa mais de tantos advogados. Inaugurou seu novo sistema de informação, o Coin, que interpreta acordos comerciais em segundos, comete menos erros e nunca sai de férias. Sua capacidade de processamento representará, em um ano, a economia do trabalho intelectual que consumia 360 mil horas de milhares de advogados. As redações de jornais, rádios e TVs estão a cada ano mais enxutas: com um celular se transmite ao vivo de qualquer canto do planeta.

A substituição de trabalhadores por máquinas, que atingia apenas o trabalho braçal e mecanizado, hoje também desemprega nas profissões de forte produção intelectual. Em uma sociedade com valores de solidariedade bem pactuados entre os cidadãos, menos necessidade de trabalho humano significaria menores jornadas, aposentadorias mais precoces e mais tempo para o lazer – o desenvolvimento tecnológico, em tese, deveria melhorar a qualidade de vida da população.

Na vida real, o que temos é o aumento exponencial do desemprego crônico. Por mais qualificado que seja o trabalhador, chega uma hora que não tem necessidade de tanta gente trabalhando. Nos países mais ricos já é assustadora a parcela de jovens desempregados, uma realidade que só se agrava. Num ambiente de desregulação neoliberal, esta equação só terá como resultado uma desigualdade social ainda mais abismal e milhões de miseráveis, um modelo impraticável de sociedade, que certamente sofrerá uma irrupção violenta em algum momento da história.

Como garantir, então, um equilíbrio social que entregue dignidade e bem-estar a toda a população? Regulando a relação entre as pessoas, o capital e a produção de riqueza. Para isto que serve o Estado. Já que a tendência do capitalismo é de incorporar cada vez mais tecnologia para gastar menos com pessoal, o Estado precisa criar mecanismos para ao menos preservar nas mãos dos trabalhadores a parcela da riqueza produzida que hoje vira massa salarial. Ao propor a ampliação da jornada de trabalho e muitos anos a mais de contribuição para aposentadoria, o governo Temer faz o contrário: aumenta a oferta de trabalhadores e agrava o problema.

Hoje não existe rombo na previdência. O nosso sistema prevê que impostos (Cofins, Pis/Pasep e CSLL) – e não somente a contribuição previdenciária – financiem as aposentadorias. É assim em todo o mundo desenvolvido. Para bancar o modelo cruel de previdência que Temer propõe, no Brasil de 2033, quando poderá se aposentar o primeiro brasileiro atingido integralmente pelas novas regras, serão muitos os cidadãos com 65 anos que não terão 25 anos de carteira assinada e não conseguirão se aposentar. Uma tragédia social. 

 

Foto: Gustavo Bezerra

Mais Fotos: www.flickr.com/ptnacamara

Ouça o Deputado Jorge Solla na Rádio PT

http://www.ptnacamara.org.br/radio/170329-materia jorge solla.mp3

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