Um dos autores do requerimento para a realização da audiência pública que ouviu o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, realizada nessa segunda-feira (26), pelas comissões de Legislação Participativa e a de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o deputado federal João Daniel (PT-SE) parabenizou a atuação do delegado que apresentou notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por interferência na defesa de criminosos envolvidos com a extração ilegal de madeira na Amazônia. Ele foi convidado para esclarecer a atuação nesse caso e o que levou a isso.
João Daniel ressaltou que acredita na importância de instituições fortes, com homens e mulheres dignos. O deputado destacou ao convidado que a reação contra a sua ação, inclusive com sua exoneração da superintendência da PF no Amazonas, existe porque “há uma força dos madeireiros, da grilagem de terra neste País que é representada hoje dentro deste governo, oficialmente pelo ministro Ricardo Salles. Ele nunca deixou dúvidas de que atua em defesa dos interesses econômicos”, afirmou o parlamentar.
Acobertar crimes
O deputado João Daniel lamentou que para esta legislatura no Parlamento federal se elegeram os defensores do combate à corrupção para acobertar e usar as instituições a serviço dos seus interesses, “como é o caso de Bolsonaro presidente, e do ministro Ricardo Salles. E, lamentavelmente, tem uma parte da bancada [bolsonarista] que quer acobertar, fazer com que o ministro e aqueles que querem abafar a maior operação de apreensão de madeira ilegal, clandestina, pois, certamente, mexe no fio da meada que é de onde vieram e quem são os donos destas terras”, acrescentou o petista.
João Daniel encerrou dizendo que homens e mulheres corajosos que respeitam a instituição, a Constituição e nossa legislação, que atuam, em defesa do meio ambiente e dos povos, como o delegado Alexandre Saraiva atuou nessa operação, terão sempre o reconhecimento da sociedade brasileira. “Não deveremos temer, e Vossa Excelência terá sempre homens e mulheres neste Parlamento para defender as causas ambientais, a legalidade e os povos originários”, concluiu.
Maior apreensão
Em dezembro de 2020, Saraiva comandou a operação que apreendeu mais de 200 mil metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente no Pará, tendo sido a maior apreensão irregular já feita no País. O ministro Ricardo Salles esteve no local onde a madeira foi apreendida e chegou a atuar na defesa dos madeireiros envolvidos no crime e com vistas a atrapalhar a fiscalização tanto do Ibama como da Polícia Federal.
No último dia 14, o então delegado da PF no Amazonas Alexandre Saraiva encaminhou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, notícia-crime contra o ministro Ricardo Salles, por obstrução de investigação ambiental, advocacia administrativa e organização criminosa, por atrapalhar medidas de fiscalização ambiental. No texto da notícia-crime, o então superintendente fez referência à maior apreensão de madeira da história do Brasil.
Também são citados na notícia-crime o senador Telmário Mota e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim. Como Salles e Motta têm foro privilegiado, o expediente foi enviado ao Ministério Público Federal, para posterior encaminhamento à Procuradoria-Geral da República (PGR). Na avaliação do delegado, o ministro do Meio Ambiente atrapalha a fiscalização ambiental e patrocina interesses privados.
Assessoria de Comunicação