Enquanto as queimadas devastam boa parte da Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro insiste em culpar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na preservação da área, mesmo sem apresentar nenhuma prova das denúncias que faz. O deputado federal João Daniel (PT-SE) classificou como uma falta de responsabilidade do presidente tais declarações infundadas e inverídicas, que além de não colaborar em nada, prejudica ainda mais a imagem do País no exterior, especialmente no que se refere à sua falta de política ambiental e destruição de tudo que vinha sendo feito na área.
O deputado destacou a nota emitida pela Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), assinada por mais de 100 organizações da sociedade civil, chamando a atenção para o aumento dos focos de incêndio em todo o Brasil e em repúdio às declarações do presidente Bolsonaro. “Ao invés de tomar as providências sob sua responsabilidade, o presidente desestrutura os órgãos de fiscalização e incentiva a ocupação de territórios indígenas, a exploração ilegal dos nossos recursos naturais, além de incentivar o uso de armas por fazendeiros e buscar criminalizar os movimentos sociais que lutam por direitos e por justiça”, afirmou João Daniel.
Os focos de incêndio em todo Brasil aumentaram 84% desde o início deste ano, para um total de 75 mil registros feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), dos quais 54% ocorreram na Amazônia. No entanto, mesmo diante da escandalosa situação, Bolsonaro afirma e reafirma suas acusações sobre as ONGs.
Efeito estufa
Para João Daniel, o crescimento do desmatamento e das queimadas representa, também, o aumento das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, distanciando o País do cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris. “Enquanto o governo justifica a flexibilização das políticas ambientais como necessárias para a melhoria da economia e as emissões desses gases explodem, o aumento do PIB se aproxima do zero”, compara.
Segundo o deputado João Daniel, o aumento das queimadas não é um fato isolado. Nesse curto período do governo Bolsonaro, disse ele, também cresceram o desmatamento, a invasão de parques e terras indígenas, a exploração ilegal e predatória de recursos naturais e o assassinato de lideranças de comunidades tradicionais, indígenas e ambientalistas. “Ao mesmo tempo, Bolsonaro desmontou e desmoralizou a fiscalização ambiental, deu inúmeras declarações de incentivo à ocupação predatória da Amazônia e de criminalização dos que defendem a sua conservação”, diz João Daniel, ao acrescentar que o País merece um melhor destino do que esse que estamos vivendo, com um governo eleito sem falar com o povo e sem respeitar os trabalhadores e trabalhadoras.
De acordo com o parlamentar, é importante destacar que os fazendeiros, estimulados pelo discurso do presidente, promoveram o “dia do fogo”, no último final de semana, ao longo da BR-163, no Pará. O ato que queria chamar a atenção do governo causou devastação e resultou em densas nuvens de fumaça sobre várias cidades.
João Daniel acrescenta que o momento requer que o presidente e o governo ajam com responsabilidade, sem atitudes e medidas que não constroem. “O presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes, repetindo a tentativa de criminalizar as organizações, manipulando a opinião pública contra o trabalho realizado pela sociedade civil”, finaliza.
Assessoria de Comunicação