Itamaraty pretende acabar com rotas ilegais de imigração

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O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, participou de audiência pública na Câmara, nesta quarta-feira (7), para tratar das ações e diretrizes prioritárias da política externa brasileira. O chanceler abordou inúmeros temas e, dentre os que mais suscitaram indagações dos parlamentares, tratou com mais detalhes sobre a recente onda imigratória proveniente do Haiti.

Figueiredo destacou a tradição de “acolhimento natural” do Brasil em relação a imigrantes, mas afirmou que o governo deseja cortar a rota ilegal que tem trazido milhares de haitianos ao País, tendo o Acre como porta de entrada. “Os haitianos vêm para cá porque sonham com a prosperidade brasileira. Porém, há problemas, especialmente a ação dos ‘coiotes’ que trazem os haitianos em situação precária, mediante riscos, e temos que ter ações claras para diminuir, coibir e organizar isso. Em primeiro lugar, temos que estimular os haitianos a entrar de maneira legal no Brasil e que, com isso, terão um respaldo muito mais amplo do que se vierem ilegalmente”, afirmou o ministro, citando que o número de vistos para haitianos aumentou dez vezes nos últimos anos.

A deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP) tocou no assunto e propôs uma discussão profunda sobre a questão, mas defendeu a receptividade aos estrangeiros. “Se formos olhar o processo histórico da humanidade, veremos que esses caminhos migratórios foram naturais ao longo da história. No concerto das nações, precisamos discutir isso profundamente e temos que entender a humanidade como um todo, independentemente de países e de cores”, disse a parlamentar, que também cobrou uma posição do Itamaraty sobre o caso das 276 meninas na Nigéria pelo grupo radical islamita Boko Haram, que se opõe à educação de mulheres.

Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, que promoveu a audiência pública, o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) foi outro que apoiou a posição de receptividade aos imigrantes. “O Brasil tradicionalmente tem uma posição muito clara em relação a isso, de que essa política de fechar fronteiras é equivocada, e isso já foi expresso por vários diplomatas, embora haja quem defenda que devamos fazer um grande muro, que devamos colocar uma leva de imigrantes e mandar de avião para os seus países. O Brasil desponta hoje na América Latina como um País de oportunidades, de taxas baixíssimas de desemprego, o que, indiscutivelmente, é um atrativo para os nossos vizinhos”, argumentou o deputado baiano.

O esforço do Itamaraty para que o Brasil seja cada vez mais atuante e ativo no cenário internacional foi elogiado pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “Temos visto que os resultados desta ação têm sido muito positivos para o Brasil, que exerce um novo protagonismo na comunidade internacional, com posições ouvidas e respeitadas”, frisou Zarattini.

Distorção – Citando dados econômicos, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) criticou o discurso da oposição conservadora, que tenta passar para a população uma imagem distorcida da realidade brasileira. “Quando termina de ouvir um discurso oposicionista, a sensação é de que o Brasil está à beira do caos ou à beira de um ataque de nervos. Mas um país que estivesse neste grau de dificuldade de relações com diferentes espaços econômicos globais não poderia ter uma atração tão positiva de investimentos externos diretos para a sua economia, sendo uma das que mais atrai esse tipo de investimento no mundo. No final dos anos 90 e meados dos anos 2000 tínhamos uma média de 10, 15 bilhões por ano, mas nos últimos cinco anos alcançamos 45, 50 ou até mais de 60 bilhões de dólares de investimento externo direto”, esclareceu Fontana.

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