Líderes religiosos e parlamentares do PT afirmaram nesta segunda-feira (26), no plenário da Câmara, que medidas de força não têm o poder de resolver as causas da violência, em uma crítica às recentes medidas adotadas pelo governo Temer ao intervir militarmente na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. As declarações aconteceram durante Sessão Solene em homenagem ao lançamento da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), proposta, entre outros, pelos deputados Nelson Pelegrino (PT-BA) e Luiz Couto (PT-PB). Neste ano a campanha tem como tema “Fraternidade e Superação da Violência” e como lema, “Em Cristo somos todos irmãos”, baseado no Evangelho de Mateus no capítulo 23 e versículo 8.
Para o secretário-executivo da Campanha da Fraternidade da CNBB, padre Luís Fernando Silva, “apenas com a adoção de uma cultura de paz, de reconciliação e de superação das injustiças é possível superar o problema da violência”.
“A Igreja proclama que a violência é um mal, e por isso não serve como solução para os problemas ou conflitos. Para isso temos que identificar as causas da violência, que residem na injustiça, na miséria e na exploração. O crescimento da desigualdade estimula a violência, e as populações mais vulneráveis são as maiores vítimas. Precisamos de políticas públicas para superar esse cenário, e não de medidas violentas que não resolvem o problema e servem apenas de paliativos”, criticou.
Na mesma linha de pensamento, o deputado Nelson Pelegrino elogiou a CNBB pela campanha deste ano e criticou as medidas adotadas por Temer para combater a violência no Rio. “A violência é irmã da injustiça social. Entre outras coisas, o Brasil é violento porque é o país da exclusão, da falta de oportunidade para a maioria da população, e a agenda do golpe é reduzir essas oportunidades e beneficiar apenas uma parcela de 30 milhões de brasileiros. Temos que construir um modelo de justiça social”, observou.
Ao também destacar a importância de adoção de políticas públicas que promovam o bem-estar social, Luiz Couto acusou o governo de Temer de usar a força como forma de esconder as fragilidades de seu governo.
“Começamos a ver as primeiras vítimas dessa medida equivocada de Temer, as crianças que tiveram suas mochilas revistadas por tropas que estão nas ruas. Essa jogada política irresponsável, que pode custar a vida de muitos inocentes, foi tomada apenas para disfarçar o fracasso e a incompetência desse presidente golpista”, ressaltou.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também parabenizou a CNBB pela reflexão proposta neste ano pela Campanha da Fraternidade. “Todos queremos uma sociedade em que o ser humano viva como ser humano e que tenhamos vida em abundância”, desejou.
O Bispo Auxiliar de Brasília, Dom Marcony Vinicius Ferreira, também participou da cerimônia.
Héber Carvalho