O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), chegou nesta quarta-feira (20) à terra indígena Taquara, local onde os Guarani e Kaiowá foram atacados no último final de semana pelos proprietários da fazenda Brasília do Sul, no município de Juti (MS). Os indígenas relataram as violações ao parlamentar e a servidores da Funai e do Ministério Público Federal. As lideranças indígenas avaliam que novos ataques podem acontecer nos próximos dias. Os Guarani e Kaiowá pediram proteção às autoridades federais, inclusive por conta da presença de muitas crianças e mulheres no local.
Os índios se mostram inconformados com a possibilidade de envenenamento de mais uma fonte de água pelos ruralistas, que pretendem avançar sobre territórios indígenas para plantar cana. Esse é o motivo da nova resistência dos Guarani e Kaiowá.
“Não vão acabar com a nossa água. As únicas áreas e riachos que ainda estão preservados são as que estão próximas aos nossos acampamentos. O resto já foi tudo envenenado”, relatou uma liderança Guarani e Kaiowá ao parlamentar.
“Nossa área é de 9.700 hectares, já reconhecida pela Funai. Quando sair a homologação de nossa terra queremos que ela ainda esteja preservada. Por isso, vamos resistir e continuar com nossas Retomadas”, explica outra lideranças da terra indígena Taquara.
Há 19 anos que os indígenas da região lutam pela demarcação de suas terras. Ao longo desse tempo, entre inúmeros ataques, o cacique Marcos Verón foi assassinado em 2003. Na época, o Ministério Público Federal denunciou 28 pessoas pelo crime, entre eles, Jacinto Onório da Silva, proprietário da Fazenda Brasília do Sul, como mandante do assassinato.
Em 2010, o Ministério da Justiça reconheceu a área sob disputa como território dos Guarani e Kaiowá. Desde então, indígenas aguardam a homologação da área pelo Governo Federal. “O homem branco cria a lei e não cumpre. Como eu explico isso para meu povo?”, questionou um cacique.
Paulo Pimenta disse que a presença de autoridades federais na região demonstra que nenhum ato de violência contra os Guarani e Kaiowá será ignorado pelo poder público. O parlamentar informou que os relatos de ameaças aos indígenas serão encaminhados ao Ministério da Justiça.
Por sua vez, o Ministério Público Federal informou que está trabalhando para agilizar uma nova perícia antropológica na área para desbloquear o procedimento de demarcação, suspenso por uma liminar do Supremo Tribunal Federal.
O presidente da CDHM ainda terá reuniões com os indígenas do Tekohá Tey Jusu, na cidade de Caarapó, a cerca de 350 quilômetros da capital Campo Grande. Nessa comunidade vivem aproximadamente 30 famílias.
Assessoria Parlamentar
Foto: Fabricio Carbonel/Dep. Paulo Pimenta