A indicação do atual ministro da Justiça do governo golpista, Alexandre de Moraes, para ocupar a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a morte de Teori Zavascki foi duramente criticada por parlamentares do PT. O anúncio da indicação de Moraes, que terá que passar por sabatina no Senado, foi feito nesta segunda-feira (6).
Para o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o objetivo do presidente ilegítimo Michel Temer é proteger o seu governo em eventuais julgamentos que envolverem quadros pertencentes a ele. “Não concordamos que um ministro do próprio governo, filiado a um partido da base [PSDB], seja indicado para compor o STF quando se sabe que vários membros desse governo estão sob investigação e possivelmente serão julgados pela mesma corte”, afirmou Zarattini, que acredita haver nomes mais adequados e preparados para o cargo.
“Existem inúmeros juristas com melhores condições, com experiência, com conhecimento jurídico e, acima de tudo, com isenção para assumir esta vaga”, argumentou o líder petista.
Em sua conta no Twitter, o deputado Afonso Florence (PT-BA) chamou de “escândalo” a notícia. “Alexandre Moraes para o STF? É um escândalo! Sua militância advocatícia pregressa, sua incompetência manifesta no ministério. É golpe mesmo”, escreveu Florence, que foi líder da bancada em 2016.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse ser “preocupante” a indicação. Para Humberto, a escolha de Moraes é “ruim para o País” e atende a “interesses políticos” do governo. “Como ministro, por mais de uma vez, Alexandre de Moraes deu demonstrações de não conseguir gerir a segurança pública brasileira. Foi assim quando estourou a crise penitenciária, que acabou com mais de 100 mortes nos presídios brasileiros, cidades sitiadas e muita dor e sofrimento para centenas de famílias. Como alguém que fracassou na segurança vai ser indicado para o Supremo?”, questionou o senador.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) considera um “escárnio” e uma “vergonha” a escolha de Moraes para o Supremo. “Moraes é indicação viciadíssima. Não tem estofo. Está indo para ser instrumento de blindagem de gente do governo Temer. Muito fraco no MJ”, publicou no Twitter a parlamentar gaúcha.
Outro representante do Rio Grande do Sul, o deputado Henrique Fontana (PT-RS), conclamou a sociedade a impedir a concretização deste ato. “O nome de Alexandre de Moraes é tentativa do governo ilegítimo de Temer escalar aliado para proteger integrantes do seu governo citados na Lava Jato. A sociedade brasileira deve ficar atenta e mobilizada para impedir mais este ataque à nossa democracia”, disse Fontana, também no Twitter.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), em sua página no Facebook, chamou de “imoralidade” a decisão de Temer. “O ministro que deveria ter sido demitido pela sua omissão e irresponsabilidade nas rebeliões em Roraima, Amazonas e Rio Grande do Norte, ainda será o relator da Lava-Jato, ação que tem o seu chefe (Michel Temer) citado 43 vezes. Além disso, o próprio Alexandre Moraes, em sua tese de doutorado, defendeu que, na indicação ao cargo de ministro do STF, fossem vedados os que exercem cargos de confiança ‘durante o mandato do presidente da República em exercício’ para que se evitasse ‘demonstração de gratidão política’. Vamos à luta! Moraes no STF NÃO!!!”, anunciou Benedita.
“Sem surpresas, né? Alexandre de Moraes, como previsto, é indicado por Temer para o STF. Um filiado do partido da base. E aí? Teremos panelas?”, indagou a deputada Margarida Salomão (PT-MG) no Twitter.
“Temer debocha dos brasileiros com a indicação de Alexandre Moraes (PSDB) para o STF. Mãe Jucah acertando todas as previsões”, ironizou o deputado Chico D’Ângelo (PT-RJ) no Twitter, fazendo referência ao infame áudio do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no qual ele cita as medidas necessárias para “estancar a sangria” causada pela Operação Lava-Jato.
“Ao indicar Alexandre de Moraes, Temer demonstra que quer alguém bem próximo para blindar seus amigos enrolados na Lava-Jato”, disse a senadora Ângela Portela (PT-RR) no seu Twitter.
Rogério Tomaz Jr.