A queda do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle Fabiano Silveira – segunda baixa do governo interino de Michel Temer em apenas 17 dias de gestão – foi alvo de duras críticas na imprensa internacional nesta terça-feira (31). O The New York Times; o The Guardian e o La Nación, publicaram matérias que questionam a reputação da gestão “golpista” e evidenciam o desgaste político do governo provisório e ilegítimo, “que se acelera a um ritmo vertiginoso”.
“E não poderia ser diferente”, afirma o vice-líder da Bancada do PT, deputado Ságuas Moraes (PT-MT), destacando que, ao contrário da grande mídia nacional, a cobertura da imprensa internacional sobre o golpe sempre se pautou pela realidade dos fatos. “Infelizmente, a maior parte dos veículos de comunicação do Brasil, que deveria defender a democracia, fez parte do golpe e por isso sempre foi parcial e seletiva nas informações sobre o real motivo do impeachment da presidenta Dilma Rousseff”.
Para Ságuas, pela forma como Michel Temer chegou ao poder e a maneira como ele escolheu a sua equipe ministerial, “com sete ministros investigados pela Operação Lava Jato”, não será surpresa se cair mais ministros nas próximas semanas. “Não nos assustará também ver divulgadas, qualquer dia desses, gravações com o próprio Temer tramando o afastamento da presidente eleita por mais de 54 milhões de votos”.
Ainda segundo Ságuas, a imprensa internacional e a mídia alternativa brasileira têm conseguido desmascarar o que está por trás do golpe, “maquiado de impeachment”. “As gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado confirmam que a motivação não era só chegar ao poder, era também impedir o avanço das investigações e o combate à corrupção”, afirma o vice-líder do PT.
Repercussão – O jornal norte-americano The New York Times, o mais influente do mundo, destacou que a saída de Fabiano Silveira – que aparece em um áudio criticando a Operação Lava Jato e orientando a defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos investigados –“desferiu outro golpe contra um governo que parece estar mancando de um escândalo a outro”.
O NYT aponta uma “atmosfera cada vez mais paranoica na capital, Brasília”, onde “membros das elites políticas e econômicas estão gravando secretamente uns aos outros para fazer acordos de delação premiada”.
O britânico The Guardian, que já publicou reportagens e artigos críticos ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, também observa que “a reputação do novo governo interino deslizou de frágil para burlesca” com a queda do segundo ministro.
“A renúncia de Silveira eleva a pressão sobre o governo de Michel Temer, que encontra dificuldades de sacudir as acusações de que tomou o poder da presidente suspensa Dilma Rousseff com o objetivo de obstruir a maior investigação de corrupção na história do País”, destacou a publicação.
Já o argentino La Nación comenta que “o desgaste político do governo interino se acelera a um ritmo vertiginoso” e que a conversa que culminou na saída de Silveira do ministério da Transparência causou “indignação em amplos setores da sociedade brasileira e inclusive em organismos internacionais anticorrupção”.
PT na Câmara, com agências
Ilustração: Brasil 247