Especial Petrobras – Há 17 anos, em maio de 1995, ocorria a mais longa greve dos trabalhadores do setor petroleiro no Brasil. Num contexto em que a principal diretriz do recém-iniciado governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era a entrega do patrimônio público ao mercado, a greve de 32 dias chamou a atenção da sociedade para a importância estratégica da Petrobras, alvo da sanha privatista dos tucanos durante os oito anos à frente do Executivo federal.
Para o deputado Luiz Alberto (PT-BA), militante de longa data do movimento sindical dos petroleiros, a greve simbolizou e aglutinou a resistência da sociedade à privatização da Petrobras. “Foi um movimento de resistência que, graças à forte repressão – que incluiu o uso do Exército – por parte do governo, chamou a atenção para a importância do patrimônio que representavam as empresas estatais, particularmente a Petrobras”, lembra o parlamentar baiano.
“Apesar de toda a repressão, a greve foi vitoriosa porque permitiu o acúmulo de forças para o processo de resistência que impediu a privatização da Petrobras. Esse foi o objetivo central do movimento, pois a sociedade não tinha a dimensão exata do patrimônio que o país possuía”, avalia Luiz Alberto.
Segundo o deputado Vicentinho (PT-SP), além das questões relacionadas ao setor petrolífero, a greve ensejou amplas discussões sobre o direito de greve, as negociações entre empresas e sindicatos e o papel da Justiça do Trabalho. “A greve foi deflagrada porque o presidente FHC descumpriu o acordo feito pela categoria com o seu antecessor, Itamar Franco. E, no final do processo, os trabalhadores ainda levaram um golpe do ministro Almir Pazzianotto, do Tribunal Superior do Trabalho (TST)”, explica Vicentinho, que então presidia nacionalmente a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A cobertura midiática da greve assumiu o lado tucano e endossou a forte repressão do governo, que enviou tanques de guerra para ocupar a Refinaria de Paulínia (SP).
Ao todo, 35 funcionários da Petrobras que eram dirigentes da FUP (Federação Única dos Petroleiros) foram demitidos e vários sindicatos receberam multas milionárias do Judiciário.
Solidariedade – Vicentinho também recorda que houve uma grande mobilização de solidariedade aos grevistas. “Pequenos agricultores e sem terra doaram alimentos aos trabalhadores, eu doei o cheque de uma palestra que fiz numa grande empresa, enfim, a sociedade se sensibilizou e apoiou o movimento”, afirmou o parlamentar paulista.
Rogério Tomaz Jr.