O Partido Social Cristão (PSC), dominado por evangélicos conservadores, emplacou a presidência da FUNAI do Governo golpista de Michel Temer. Esta semana foi nomeado Antonio Fernandes Toninho Costa para presidente da Fundação. Ele ainda consta como assessor de uma comissão da Câmara presidida por Victório Galli (PSC-MT) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), segundo informa o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).
Na avaliação do deputado, o interesse dos evangélicos na pauta indígena é antigo. “Missionários pentecostais vindos dos EUA trabalham há décadas na conversão de indígenas, muitos na Amazônia Brasileira. O pesquisador David Stoll conclui que o investimento de norte-americanos nessas missões se justificava pelo interesse nos recursos naturais e no território, especialmente porque os “nativos” não eram considerados ‘nacionais’ – e, portanto, mais facilmente ‘assimiláveis’”, como aponta o Laboratórios de Escola de Mídia e Esfera Pública (LEMEP/UERJ), cita.
A Missão Evangélica Caiuá, que atua na área da saúde indígena, recebeu mais de R$ 420 milhões em 2014 e 2015 de repasses de verbas públicas – fato que foi objeto de pedido de investigação dos deputados Paulo Pimenta e Zeca do PT (PT-MS). Os evangélicos, na Câmara, foram os principais incentivadores do projeto para combater o infanticídio indígena, que propõe estabelecer o polêmico cadastro de gestantes e que oficializa a presença missionária nas tribos.
O general Franklimberg Ribeiro de Freitas também foi nomeado para a Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da FUNAI – ele fora indicado para a presidência, mas protestos fizeram o governo recuar.
Como aponta o relatório da Comissão Nacional da Verdade, a ação militar em relação aos indígenas foi, ao longo do século XX, devastadora. “As duas nomeações são fortes agressões aos direitos indígenas. Esses são os novos velhos tempos”, lamenta Paulo Pimenta.
PT na Câmara