O Ministério da Defesa, comandado pelo general Fernando Azevedo e Silva, publicou nesta quarta-feira (11), uma portaria no Diário Oficial da União (DOU) na qual reafirma a obrigatoriedade da vacinação para os militares das Forças Armadas. O próprio Jair Bolsonaro havia efeito campanha contra a obrigatoriedade da vacina e, nessa terça-feira (10), afirmou ser necessário enfrentar a pandemia do novo coronavírus de “peito aberto”. Para ele, o Brasil deve deixar de ser “um país de maricas”, numa referência pejorativa ao receio com pandemia, que já matou mais de 162 mil e infectou 5,7 milhões de pessoas.
De acordo com o comunicado do ministério, “fica instituído o Calendário de Vacinação Militar, visando ao controle, à eliminação e à erradicação das doenças imunopreveníveis e à padronização das normas de imunização para os militares das Forças Armadas”. “As vacinas e os períodos estabelecidos no Calendário de Vacinação Militar serão obrigatórios”, acrescenta a nota do ministério.
Bolsonaro nega a ciência
“Nem os militares seguem a postura negacionista de Bolsonaro em relação à importância da obrigatoriedade da vacina”, afirmou o deputado Alexandre Padilha (PT-SP). Para o parlamentar, esse discurso de Bolsonaro é porque ele não quer garantir a vacina para ninguém. “A retirada dos R$ 35 bilhões do orçamento do Ministério da Saúde na prática inviabiliza uma campanha de vacinação forte e ampla não só para a Covid-19, mas para as vacinas que nós já temos no calendário nacional”, destacou o ex-ministro da saúde.
Padilha lembrou que em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, pela primeira vez – no século – o Brasil não atingiu a meta de vacinação entre as crianças. “Bolsonaro é contra vacina e nem os militares seguem essa postura negacionista”, reforçou.
Ao se posicionar contra a obrigatoriedade da vacina, no mês passado, por exemplo, Bolsonaro reafirmou sua opinião a apoiadores sobre a vacina. “O meu ministro da Saúde já disse claramente que não será obrigatória esta vacina e ponto final”.
Comemoração
A publicação da portaria ocorre um dia após Bolsonaro comemorar a suspensão dos testes da Coronavac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao responder a um usuário no Facebook, ele disse “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, uma clara demonstração de politização da vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, estado governado por João Doria (PSDB), seu desafeto político e possível adversário na eleição presidencial de 2022.
No mês passado, Bolsonaro destacou novamente a sua disputa política em torno da vacina. “Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid 19”, disse a ministros.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou que a Anvisa preste esclarecimentos sobre a interrupção dos testes. Antes da ordem expedida pelo Supremo, a agência havia suspendido os testes alegando um “evento adverso grave”.
PT na Câmara com Brasil 247