Em nota divulgada na noite deste sábado (23), o Ministério da Saúde confirmou a autenticidade da carta do diretor-executivo da Pfizer, Abert Bourla, de 12 de setembro de 2020, endereçada a Jair Bolsonaro pedindo celeridade do governo do Brasil na aquisição de doses da vacina contra Covid-19, desenvolvida pelo laboratório em parceria com a BioNTech. “Essa nota é pura confissão de culpa, perdemos 70 milhões de doses nessa brincadeira! Criminoso, Bolsonaro estaria no banco dos réus em qualquer lugar do mundo”, afirmou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Na sua rede social, Gleisi assegurou que o partido continuará na luta exaustiva para que o impeachment contra Bolsonaro seja aberto na Câmara. Ela lembrou ainda que o desengavetamento do pedido de impedimento do presidente faz parte do compromisso do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato a presidência da Câmara com o apoio de vários partidos de Oposição ao atual governo.
A autenticidade da carta da Pfizer, que ofertou ao governo brasileiro 70 milhões de doses do imunizante, veio à tona uma semana após o início da vacinação do País, com aplicação de uma dose do imunizante contra a Covid a aproximadamente 700 mil pessoas, o que corresponde apenas a 0,33% da população.
Justificativas não convencem
As justificativas apresentadas pelo Ministério da Saúde, por meio de nota, para não fazer o acordo com a Pfizer não convenceram. Segundo a pasta, “as doses iniciais oferecidas ao Brasil seriam mais uma conquista de marketing” para os produtores da vacina e “causaria frustração em todos os brasileiros, pois teríamos, com poucas doses, que escolher, num país continental com mais de 212 milhões de habitantes, quem seriam os eleitos a receberem a vacina”.
Pelo que informou o Ministério da Saúde, a Pfizer/BioNTech entregariam 2 milhões de doses no primeiro trimestre de 2021, sendo dois lotes iniciais de 500 mil unidades e um terceiro com um milhão de vacinas, “com possibilidade de atraso na entrega”.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) criticou o argumento em sua conta no Twitter. “Governo reconhece que rejeitou as vacinas da Pfizer. Disse que 2 milhões de doses eram insuficientes. Daria para vacinar a população inteira de Manaus”, afirmou.
“Absurdo!”, assim reagiu o deputado Rubens Otoni (PT-GO). “A notícia que chega é a de que o governo Bolsonaro recebeu diversas ofertas de vacina durante o ano de 2020 mas recusou a negociação. Agora estamos pagando o preço da irresponsabilidade. O povo na expectativa e não há vacina para toda a população. Uma calamidade!”, protestou.
Impeachment já
Na avaliação do deputado Henrique Fontana (PT-RS) a recusa do governo brasileiro em comprar vacinas da Pfizer, enquanto milhares morriam, evidência a necessidade do impeachment. “O genocídio é uma escolha política de Bolsonaro”, denuncia o deputado.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também defendeu o impeachment de Bolsonaro. Para a parlamentar é gravíssimo que a falta de vacinas tenha sido uma escolha política e ideológica do governo Bolsonaro para sabotar a imunização. “Ao investir em cloroquina e negar oferta de vacinas da Pfizer, o governo cometeu mais um crime contra a saúde pública. Impeachment já!”, reforçou.
E o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) chamou Bolsonaro de genocida. “O presidente negou a oferta de vacinas da Pfizer. Não podemos mais aceitar esse irresponsável e genocida na presidência”, acrescentou.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE) as condições para o impeachment estão acentadas. “Pelas ruas a voz rouca do povo e pelos os crimes que Bolsonaro cometeu é urgente o seu impedimento. Ele ainda referendou a avaliação do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad de que, “não fosse por todo o resto, só a recusa da oferta de vacinas pela Pfizer já justificaria o pedido de impeachment de Bolsonaro”.
Na mesma linha, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) acrescentou que o governo Bolsonaro é “dissimulado e mentiroso”. Ele citou que em 751 dias como presidente, Bolsonaro deu 2334 declarações falsas ou distorcidas. “Não basta só o impeachment, ele precisa ser condenado pelo Tribunal Penal Internacional pela gravidade de seus atos”, defendeu.
Vânia Rodrigues, com agencias