Governo Bolsonaro será responsável por falta ou aumento excessivo dos fertilizantes no Brasil, denunciam petistas

Foto: Fafen-PR/FUP

Os deputados petistas Enio Verri (PR), Joseildo Ramos (BA) e João Daniel (SE) afirmaram nesta quinta-feira (3) que, além do conflito entre Rússia e Ucrânia, o governo Bolsonaro também será responsável caso ocorra no Brasil um desabastecimento ou aumento excessivo do custo para aquisição de fertilizantes. Os parlamentares lembraram que, desde o início do atual governo, três fábricas de fertilizantes da Petrobras foram fechadas ou tiveram sua produção descontinuada nos estados do Paraná, Bahia e Sergipe. Segundo especialistas, a Rússia responde por 23% dos fertilizantes utilizados no Brasil, que por sua vez importa atualmente 85% do total desses insumos.

“Esse quadro mostra a incompetência do governo Bolsonaro, que acabou com a Fafen/PR (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenadas do Paraná) com a justificativa de que era mais barato importar fertilizantes. Aí está o resultado: pode faltar o insumo e, se não faltar, com toda certeza ficará muito mais caro. Será um prejuízo para a agricultura, para o consumidor que pagará ainda mais caro pelos alimentos e ainda vai prejudicar diretamente o setor do agronegócio, que em parte ainda apoia o Bolsonaro”, explicou Enio Verri.

Deputado Enio Verri. Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Na condição de quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo (atrás de China, Índia e Estados Unidos), existe grande preocupação em vários setores da agricultura brasileira com a possibilidade da importação de fertilizantes ser interrompida devido a sanções financeiras e comerciais impostas à Rússia. O país em conflito com a Ucrânia é o maior exportador mundial de nitrogênio, fósforo e potássio, os três macronutrientes mais importantes para a agricultura.

Terceiro produtor mundial

“O Brasil é o 3º maior produtor mundial de alimentos e dependente dos fertilizantes nitrogenados e potássio. A situação se agravou com o fechamento ou descontinuidade da produção de fertilizantes pelas Fafens (do PR, BA e SE) e hoje temos poucos fornecedores que poderiam compensar o fim da oferta pela Rússia. O Brasil poderá ser afetado de maneira dramática no segundo semestre”, alertou Joseildo Ramos.

Após o golpe de 2016, a Petrobras resolveu deixar o mercado de fertilizantes. No novo plano de negócios da estatal (durante o governo Temer), a companhia alegava que produzir fertilizantes dava prejuízo. Por conta disso, a Petrobras anunciou em 2018 a desativação da Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizado no polo petroquímico de Camaçari, e de Sergipe (Fafen-SE), sediada em Laranjeiras. Em novembro de 2019, a Petrobras arrendou as duas plantas para a empresa Proquigel Química S.A.

Em 2020, a Petrobras fechou a Fafen-PR, localizada em Araucária (PR), causando a demissão de cerca de mil trabalhadores. O governo Bolsonaro ainda vendeu a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFNE), em Três Lagoas (MS), para o grupo empresarial russo Acron. Como a planta ainda estava em construção, e devido ao bloqueio de ativos de empresas russas por conta do conflito na Europa, existe a preocupação de que a fábrica não seja concluída.

Deputado Joseildo Ramos. Foto: Gustavo Bezerra/Arquivo

Desmonte da Petrobras

O deputado João Daniel ressaltou que o risco de faltar fertilizantes do País ocorre por conta do desmonte da Petrobras provocado pelo governo Bolsonaro.

“Grande parte dessa nossa dependência se dá pelo desmonte da Petrobras, que abandonou a fabricação de fertilizantes, fechando duas fábricas, duas no Nordeste (Bahia e Sergipe) e uma no Paraná e abandonado a construção de duas fábricas, uma em Mato Grosso do Sul (Três Lagoas) e outra em Uberaba (MG). E apesar das fábricas de Sergipe e Bahia estarem operando, têm dedicado as suas vendas para exportação, enquanto das fábricas paradas, a do MS responderia por 40% das nossas necessidades. Com tudo funcionando teríamos grande parte da nossa demanda atendida”, destacou o parlamentar.

O petista lembrou ainda que a luta do PT pela não privatização da Petrobras visa justamente a superação da dependência do País em relação a insumos sobre os quais têm condição de produzir, garantindo assim menores custos à sociedade e mantendo a soberania em relação a outros países.

Deputado João Daniel. Foto: Gustavo Bezerra/Arquivo

Ministra de Bolsonaro diz que governo errou ao fechar fábricas de fertilizantes 

Diante da ameaça que paira sobre o Brasil, até mesmo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (União Brasil-MS), reconheceu que o Brasil tomou uma decisão equivocada ao paralisar a produção nacional de fertilizantes.

“No passado, a decisão era de importar pois era mais barato. Mas o Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar”, disse nessa quarta-feira (2) em entrevista coletiva.

Desde o início do governo Bolsonaro, a capacidade de produção de fertilizantes pelo Brasil não para de cair. Se em 2018 o País era capaz de produzir 8,2 milhões de toneladas de fertilizantes, esse volume caiu em 2019 para 7,2 milhões e, em 2020, para 6,5 milhões de toneladas.

 

Héber Carvalho com informações da BBC Brasil e Brasil 247

 

 

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