A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann (PR), se reuniu na manhã desta sexta-feira (15) com sindicalistas da América Latina para debater estratégias contra a restrição dos espaços democráticos no Brasil e em toda o Continente, além dos perigos do avanço das políticas antipovo na vida da população latino-americana.
Os convidados falaram sobre a ascensão de políticos de extrema direita, os riscos à democracia e a perda da soberania dos países. Outro ponto bastante comentado foi a política entreguista e as reformas propostas por Jair Bolsonaro (PSL). “Tem gente que é eleita para governar e tem gente que é eleita para destruir. Esses foram eleitos para destruir”, comparou Gleisi.
O encontro ocorreu na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores Financeiros (Contraf-CUT), em São Paulo, e foi organizada pela UNI Américas, braço continental da UNI Sindicato Global. Participaram da mesa o presidente da UNI Américas, Héctor Daer, o secretário-regional da UNI Américas, Marcio Monzane, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, e o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah. A plateia contou com centrais de vários setores de uma dezena de estados brasileiros.
A presidenta do PT apresentou um panorama histórico do Brasil, falou sobre os avanços democráticos, sobre a reparação histórica com a população negra e sobre a Constituição de 1988. Gleisi também fez questão de destacar as diferenças dos governos petistas para os retrocessos que vemos tanto com Michel Temer quanto com Bolsonaro, além de criticar a desastrosa proposta para as aposentadorias.
“A Reforma da Previdência não é necessária. É mentira. E essa reforma é assassina além de tudo, é para não deixar viver”. A presidenta lembrou, inclusive, do modelo adotado no Chile, que tem aumentado o número de suicídios entre idosos no País e fez com que 80% dos aposentados receba abaixo da linha da pobreza. “O nosso papel é fazer com que eles aprovem o mínimo possível para que a gente possa reverter depois num outro projeto de País”, apontou Gleisi.
O argentino Héctor Daer descreveu um panorama da situação política na América Latina. “Nosso continente não é o mais pobre, mas é o mais desigual”. Ele pede ainda o fortalecimento das centrais sindicais e acredita que a política é a saída para o combate às práticas antidemocráticas e presta sua solidariedade ao ex-presidente Lula.
O sindicalista falou ainda sobre a perda da soberania nacional tanto no Brasil quanto na Argentina. “Antes de Bolsonaro, antes de Temer e antes de Macri, Brasil e Argentina eram países que mostravam solidariedade e hoje não são mais assim.”
Preocupação com o Brasil
A UNI Américas mantinha o olhar atento em três países da América Latina até o ano passado: a Colômbia, pela violência; o Peru, pelos desmandos do governo de Alberto Fujimori; e o Chile, pelas políticas neoliberais e antipovo de Sebastián Piñera. O Brasil, depois das práticas antidemocráticas, escândalos de fake news e possíveis ligações de milicianos com a família Bolsonaro, ganhou uma atenção especial do sindicato mundial.
“A partir do Bolsonaro nós vemos um ataque muito grande não só ao movimento social e sindical, mas ao espaço democrático. Hoje não se pode falar no Brasil. Um militante de esquerda, um representante social, um representante que defende minorias quando fala normalmente a resposta é criminalizá-lo”, diz Marcio Monzane.
Ricardo Patah conclamou pela unidade na resistência aos desmandos antidemocráticos. “Não existe um salvador, uma pessoa ou uma entidade que vai resolver sozinha a questão que envolve milhões de trabalhadores. Ou nós estamos juntos — de forma humilde, modesta, mas com garra e determinação — ou realmente vai piorar cada vez mais esta situação”.
A luta é nas ruas
Juvandia Moreira criticou os ataques do governo Bolsonaro aos movimentos sociais. “Eles estão tentando asfixiar, perseguir os movimentos sociais e colocando alvos no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e agora estão tentando acabar de vez com o movimento sindical.”
E fez um apelo. “Os militantes do Brasil inteiro têm que ir para as ruas e conversar com a população, porque nós temos que derrotar este governo já na largada”, orientou.
Agência PT de Notícias