Gleisi diz que prisão de Silvinei Vasques é “pedagógica”, e Lindbergh quer Bolsonaro atrás das grades

Silvinei Vasques, que tramou contra a democracia, foi preso. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Deputada Gleisi Hoffmann. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann (PR), usou a tribuna da Câmara nesta quarta-feira para falar sobre a prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, ocorrida hoje (9) pela manhã, em Florianópolis. “Não me agrada vir falar desse assunto aqui na tribuna, mas eu não poderia deixar de registrar isso neste plenário, pela gravidade do que aconteceu nos dias que precederam o processo eleitoral de outubro de 2022”. Vasques é acusado de “uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitoral”.

Gleisi fez questão de ler um tuite que ela publicou no dia 28 de outubro passado. “Chegaram ao nosso conhecimento denúncias de que Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) estariam sendo instrumentalizadas pelo governo para fazer operações com objetivo eleitoral. Diante de quem nunca hesitou em usar o Estado contra adversários, estamos pedindo providências ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em nome da lisura da eleição”.

A deputada reiterou que foi exatamente isso que ela (pediu providências do TSE) assim que soube dessas movimentações por uma série de informações que recebeu, inclusive através das redes sociais. “Solicitamos providências ao nosso jurídico — à época, o coordenador jurídico da campanha era o deputado Paulo Teixeira, hoje ministro — e nós oficiamos ao TSE”, contou.

“Não é que no domingo, no dia da eleição (30 de outubro), aquilo que falavam para nós na sexta-feira, de fato, aconteceu? Nós tivemos blitz da Polícia Rodoviária Federal em quase todo o Nordeste brasileiro. Eu fico me perguntando: por que no Nordeste brasileiro? Exatamente porque era na Região Nordeste que o presidente Lula tinha a preferência dos votos. Bolsonaro não hesitou em utilizar a máquina pública para tentar ganhar a eleição”, denunciou.

Gleisi relembrou também que Silvinei, no dia da eleição, postou foto com Bolsonaro, declarou-lhe apoio, depois, postou fotografia da Bandeira do Brasil com o número do Bolsonaro, 22 — apagou as postagens depois. “Mas postou, e nós temos isso documentado —, ele também não mediu esforços para utilizar a Polícia Rodoviária Federal, numa das operações mais feias da Polícia Rodoviária Federal na nossa história, que só, realmente, desrespeita a instituição e a corporação”, completou.

Prisão pedagógica

Na avaliação da presidenta do PT, foi muito providencial a prisão desse Silvinei, “porque ele se utilizou do Estado, de uma força de Estado, de uma força de segurança, colocou esses policiais para serem escrachados pela opinião pública, desrespeitou a Polícia Rodoviária Federal e seguiu as orientações do seu chefe, o Jair Messias Bolsonaro, que tentou ganhar a eleição no tapetão”.

Gleisi frisou que, além de utilizar a PRF, o ex-presidente também tentou utilizar a PF. “Bolsonaro fez um dos maiores gastos da história do Estado brasileiro no momento eleitoral. Foram mais de R$ 300 bilhões, entre auxílios sociais, empréstimos e isenções fiscais para tentar ganhar a eleição. E, mesmo assim, não conseguiu ganhar a eleição!”, ironizou.

Para a deputada, a prisão de Silvinei hoje é pedagógica para que nunca mais isso aconteça, para que nunca mais uma força de Estado seja colocada nessa situação. “Que nunca mais tenhamos ataque à democracia e que as eleições do Brasil possam ser sempre livres, refletindo a vontade do povo”, conclui.

Por que Bolsonaro não está preso?

Deputado Lindbergh Farias. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado Lindbergh Farias (PT-RS) também usou a tribuna para falar sobre a prisão de Silvinei. Ele começou ironizando o plenário vazio do lado reservado para os deputados da oposição. “Cadê aqueles bolsonaristas que subiram na tribuna fazendo discurso forte? Sabe porque o lado deles está vazio? Porque o Silvinei Vasques foi preso. E eu pergunto: se o Silvinei Vasques foi preso, por que Bolsonaro não está preso? É funcionário dele! Fez tudo a mando do Bolsonaro! E a prisão é por um motivo muito concreto. A Polícia Federal achou organogramas nos celulares de agentes rodoviários sobre os locais de votação onde Lula teve mais de 75% dos votos”, afirmou.

Lindbergh citou que na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a prisão de Silvinei diz que a conduta do ex-diretor da PRF “além de ilícita, é gravíssima” e cita a quantidade de crimes: prevaricação; restringir, impedir ou dificultar o exercício de direitos políticos; impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio.

Anderson Torres

O deputado ainda citou o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, que ontem fez um depoimento “fajuto” na CPMI do Golpe, e que já foi “desmoralizado” por fatos pela Polícia Federal. “Ele (Torres) esteve lá na Bahia articulando tudo. Vai ter uma acareação com o diretor da Polícia Federal lá da Bahia”, anunciou.

Na avaliação de Lindbergh, essa é a pior semana do Bolsonaro. “Todo dia surge um fato novo. Querem saber dos fatos de ontem? Pois bem, ontem a CPMI encontrou novos depósitos do tenente-coronel Mauro Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do Bolsonaro, na conta de Michelle Bolsonaro — R$ 60 mil, 45 depósitos. Querem saber mais de ontem? A CPMI também achou um Rolex, que Mauro Cid estava querendo vender por US$ 60 mil. E ele fez isso da Flórida. Ele viajou junto com Bolsonaro, fugiu, e lá eles estavam querendo vender aquele Rolex que o ex-presidente ganhou de presente na Arábia Saudita”, enumerou.

Hacker de Araraquara

Querem saber mais?, indagou Lindbergh ao lembrar do episódio do hacker de Araraquara Walter Delgatti. “Aquela desmoralização. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) levou o hacker para conversar com Bolsonaro, e o ex-presidente pediu o quê? Que ele invadisse as urnas eletrônicas. Fraude eleitoral! Tentativa de golpe! Pediu também que ele grampeasse o ministro Alexandre de Moraes”.

Lindbergh encerrou reiterando que não foi Silvinei Vasques que tomou a iniciativa de fraudar as eleições. “O termo é esse: fraude. Eles quiseram alterar o resultado. Isso é atentar contra o Estado Democrático de Direito. Ele não tirou isso da cabeça dele. Ele teve um chefe, e, se ele está preso, Bolsonaro também tem que ser preso”, defendeu.

Estado Democrático

Deputado Welter. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado Welter (PT-PR) também falou sobre a importância da democracia e sobre prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. Ele afirmou que o Estado Democrático de Direito voltou. “O Estado tem que ser eficiente, tem que agir quando há suspeitas, flagrantes e denúncias claras de que o pessoal queria impor contra a democracia. Então, essa prisão precisa ser festejada, porque a democracia é que reina! Temos que respeitar a liberdade de opinião, mas temos que fortalecer as instituições”.

 

 

 

Vânia Rodrigues

 

 

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