A presidenta nacional do PT e vice-líder da Bancada do Partido na Câmara, deputada Gleisi Hoffmann (PR), protocolou nesta sexta-feira (1º) requerimento de informação junto à presidência da Câmara para obter esclarecimentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, sobre o escândalo de tráfico de influência envolvendo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo reportagem da Revista Crusoé, a primeira-dama intercedeu pessoalmente na liberação de linhas de crédito da Caixa para empresas de pessoas próximas a família presidencial.
Na justificativa do requerimento de informação, Gleisi Hoffmann lembra que no auge da pandemia, enquanto empresas encontravam dificuldade de acesso a linhas de crédito da Caixa, “um grupo de amigos e conhecidos da primeira-dama Michelle Bolsonaro, adeptos e defensores do governo Bolsonaro, não encontraram quaisquer dificuldades de acessar as referidas linhas de crédito, empréstimos e demais operações de socorro da instituição federal”. A parlamentar lembrou ainda que a revista garante que a primeira-dama enviou pedidos por e-mail e chegou até a se encontrar pessoalmente com o presidente da Caixa para viabilizar os pedidos.
Diversos micro/pequenos empresários tiveram dificuldades em conseguir crédito na pandemia, precisaram demitir funcionários ou fechar as portas. Mas pra um seleto grupo de bolsonaristas foi moleza, era só acionar Michelle Bolsonaro e a juros baixos. Isso é tráfico de influência!
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) October 1, 2021
E como resultado dessa pressão, a presidenta nacional do PT ressalta que a revista Crusoé denuncia que a primeira-dama destacou até uma assessora (Marcela Magalhães Braga) para atuar como “facilitadora” (despachante) para agilizar os pleitos financeiros. Pelo lado da Caixa, Gleisi Hoffmann informou ainda que a reportagem garante que a Caixa também destacou uma estrutura específica para atender os pedidos de Michelle Bolsonaro.
“Todos esses fatos indicam que a instituição Caixa Econômica Federal, com o beneplácito e empenho pessoal de seu presidente, foi usado indevidamente, ilegalmente e criminosamente, para privilegiar interesses privados da esposa do presidente da República e deste (seus apoiadores), em detrimento da observância dos princípios da administração (moralidade e impessoalidade) e da legislação que deve nortear a concessão de créditos pela referida instituição financeira pública”, afirma a petista na justificativa do requerimento.
Diante desses fatos, Gleisi Hoffmann pede o acesso a informações e documentos para esclarecer definitivamente o escândalo. Entre eles, a petista solicita cópia dos e-mails ou correspondências recebidos pela Caixa com os pedidos de Michelle Bolsonaro ou por sua assessoria, informações completas sobre esses pleitos e dados dos beneficiários, de apuração interna relacionado ao processo da concessão dos créditos, além da cópia de todos os documentos sobre o processo de concessão de crédito da linha Pronampe e outras, concedidas as empresas amigas/conhecidas da primeira-dama.
Héber Carvalho