Durante reunião da Comissão de Relações Exteriores, nesta quarta-feira (28), o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) falou sobre o enfrentamento do drama sanitário enfrentado pelo Brasil e expressou preocupação com a falta de vacinas, que é uma das ferramentas mais fundamentais nesse momento da pandemia. O parlamentar questionou o ministro de Relações Exteriores, Carlos Alberto França, sobre as declarações irresponsáveis de ministros e do próprio presidente Jair Bolsonaro e perguntou como o novo chanceler pretende agir para impedir que isso continue atrapalhando o esforço diplomático do Brasil para conseguir os imunizantes.
A irresponsabilidade e a falta de diplomacia do governo, na opinião de Fontana, atrapalham a vacinação. “O problema central da diplomacia brasileira e do enfrentamento à pandemia é o fato de o Brasil ser presidido por Bolsonaro, que tem um conjunto de visões ideológicas que orienta seu governo, que traz enormes prejuízos para o País. O governo trabalha com a ideia de ideologizar a pandemia”, criticou, ao lembrar que o vírus não é nem de esquerda, nem de direita, mas uma doença que tem que ser enfrentada com ciência e conhecimento.
Henrique Fontana apresentou números que expõem a situação dramática do País. Segundo ele, a meta de vacinação no Brasil é aplicar em torno de 320 milhões de doses para garantir uma imunidade coletiva. “Em 100 dias, aplicamos pouco mais de 44 milhões de doses. A média diária nos últimos dias está em torno de 700 mil. Se o ritmo se mantiver assim, demoraremos mais de um ano para atingir a nossa meta de 320 milhões de doses aplicadas. É muito lento”, analisou.
Conflito com a China
“Ministro França, o senhor acha que esse tipo de frase do presidente ajuda ou atrapalha o Brasil no enfrentamento à pandemia?”, perguntou após ler a seguinte declaração de Bolsonaro, de novembro do ano passado, atacando a Coronavac, hoje responsável por mais de 80% das vacinas aplicadas no País: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar todos os paulistanos a tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.
Outro exemplo da irresponsabilidade e falta de diplomacia que atrapalham o combate à pandemia e, especialmente, a aquisição de vacinas pelo Brasil, foi a frase do ministro Paulo Guedes: “O chinês inventou o vírus e a vacina deles é menos efetiva que a dos americanos”. O episódio, ocorreu nesta terça-feira, durante reunião de ministros do governo Bolsonaro.
Falando como líder da Oposição, Henrique Fontana também lembrou os ataques a China disparados pelo filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) que, segundo Fontana, exerce o papel de “chanceler informal” e atrapalha muito a diplomacia brasileira. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma ditadura que preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas se tivesse feito. A culpa é da China e a liberdade seria a solução.”, publicou Eduardo Bolsonaro no Twitter em março de 2020.
Médico e ex-secretário da Saúde de Porto Alegre, Fontana afirmou que o País precisa superar os entraves provocados pelo presidente Jair Bolsonaro e por ministros para chegar a um ritmo de vacinação necessário. “Queremos encontrar os caminhos para a vacinação e para isso não podemos continuar discriminando vacinas e agredindo países”, afirmou o deputado.
Para o deputado do PT alagoano, Paulão, o ministro Paulo Guedes, ao fazer comentários absurdos contra a China, também mostra o alto grau de irresponsabilidade do atual ministro da Economia. “Paulo Guedes dizer que a pandemia foi gestada e criada na China, como se fosse uma questão proposital, ela pode ser até geográfica. Ora, o Paulo Guedes quando dá uma declaração dessa, ele está atingindo o principal parceiro comercial do Brasil que é a China em todos os sentidos”, criticou Paulão, na reunião com o ministro das Relações Exteriores, nesta quarta.
Assessoria de Comunicação