O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) cobrou hoje (6) a demissão imediata do ministro da Economia, Paulo Guedes, devido à denúncia de que tem US$ 9,55 milhões (cerca de R$ 51 milhões) depositados numa conta no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Ele lembrou que a corrupção tem diversas facetas e a “evasão de divisas, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro proporcionada pelos paraísos fiscais é uma corrupção financeira”.
Fontana observou que as empresas offshore em paraísos fiscais, como a mantida por Guedes, na maioria dos casos servem para “lavagem de dinheiro de pessoas que ganham dinheiro de forma ilícita e querem esconder o que ganharam”. Outro motivo é a sonegação de impostos. “Então, Paulo Guedes é um incentivador da sonegação de impostos”, afirmou o parlamentar.
O petista considera extremamente grave o fato de Guedes ter ganhado cerca de R$ 420 mil mensais desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019, por conta da valorização do dólar diante do real. “Está ganhando por conta da péssima gestão econômica que faz junto com Bolsonaro para as necessidades da economia real do Brasil, dos empregos e da renda que precisamos para os trabalhadores”.
Atuação imoral e ilegal
Fontana sublinhou que “não é só o ganho em dólar de Paulo Guedes que é gravíssimo, imoral, ilegal e inaceitável”. Ele assinalou que o dólar alto é uma das grandes causas da inflação que voltou ao País e está empobrecendo os trabalhadores e a classe média. A política econômica de Bolsonaro e Guedes, disse o deputado, encarece a gasolina, o diesel, o arroz, o feijão, o pão e outros produtos de primeira necessidade. “Então, dólar alto patrocinado por Paulo Guedes e Bolsonaro é a ruína da economia brasileira”, denunciou o petista.
“Enquanto o povo brasileiro, segundo ele (Guedes), não pode ter dinheiro para um Bolsa Família forte e robusto, para proteger famílias que hoje passam fome, ele pode sonegar impostos colocando o seu recurso num paraíso fiscal”, criticou Fontana.
O deputado do PT observou ainda que os paraísos fiscais e as offshore também servem para a evasão de divisas, prática adotada por investidor que joga contra a economia do País. “Ao invés de colocar o dinheiro no país onde vive e ganha o dinheiro, ele retira esse dinheiro do país e coloca num desses paraísos fiscais”, explicou Henrique Fontana. “Se todos os investidores brasileiros fizessem o que Paulo Guedes faz, a economia brasileira estaria ainda mais quebrada do que está sob a gestão dele”.
Atuação contra a economia brasileira
Fontana citou uma situação hipotética de Guedes com Bolsonaro frente a mil investidores brasileiros, cada um com R$ 50 milhões para investir. “O ministro Paulo Guedes diria a eles: ‘O melhor investimento para esses R$ 50 milhões é colocar o dinheiro num paraíso fiscal, nas Ilhas Virgens, como eu coloquei, e retirar o dinheiro do Brasil, porque vocês não devem acreditar na economia brasileira’ “, ironizou o deputado.
Fontana assinalou que a dolarização da economia e a valorização da moeda norte-americana frente ao real, além de provocar inflação e empobrecimento da grande maioria do povo brasileiro, ainda favorece a compra de ativos estatais por preços irrisórios, já que o governo atual está rifando empresas estratégicas como a Eletrobras e os Correios. Quando o valor do dólar duplica, o preço das empresas privatizadas cai à metade para quem tem a moeda norte-americana. “Então, a liquidação de patrimônio público que o Paulo Guedes e o Bolsonaro estão fazendo no País fica gravemente acelerada e depreciada com esta política do dólar alto”.
Uma nova economia para o Brasil
O deputado alertou que o Brasil precisa de outro tipo de política econômica, num modelo que valorize a economia real, como o comércio e a indústria que produzem e geram empregos e renda, não uma “especulação pura e simples e a financeirização contra a moeda do seu próprio País.”
Para Fontana, a especulação e o privilégio ao setor financeiro e ao grande capital é a especialidade de Paulo Guedes. “Ele pouco entende da economia real; provavelmente, poucas vezes, talvez nenhuma, tenha entrado em uma indústria para dirigi-la e tomar decisões efetivas do mundo econômico e da economia real. Paulo Guedes é um operador desses mercados financeirizados”, completou o parlamentar.
Nesta quarta-feira (6), foi aprovado por 310 votos a 142, requerimento da Oposição garantindo a convocação de Paulo Guedes para explicar o caso no plenário da Câmara. Pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, em seu art. 5º, é vedado que determinadas autoridades tenham recursos no exterior não sendo alcançadas pelas consequências negativas de sua própria gestão. “É fundamental, portanto, que o ministro Paulo Guedes venha à Câmara dos Deputados, à Casa do Povo, se explicar sobre essas gravíssimas denúncias”, afirmam os líderes da Oposição, no requerimento. A sessão para ouvir o ministro Guedes ainda não tem data marcada, mas poderá ser realizada na próxima semana.
Redação PT na Câmara