Uma das minhas prioridades como deputado é estar perto do povo. Sempre tive a preocupação de percorrer todo o meu estado, o Paraná, em encontros e conversas com a população. Nessas andanças fiscalizo obras, levo investimentos, mas também ouço queixas e identifico problemas dos municípios paranaenses.
Depois de longos meses de isolamento em casa, com eventos e reuniões virtuais, voltei a andar por todo Paraná, fazendo visitas e compromissos. A realidade que tenho encontrado é assustadora e triste. O governo Bolsonaro está deixando um rastro, com marcas sangrentas que vão muito além da pandemia. O acirramento do quadro da fome, da miséria e da insegurança alimentar no Brasil é gravíssimo.
Tenho presenciado apenas um sentimento: o de desespero. As pessoas estão agoniadas, tristes e insatisfeitas. Muitos perderam o poder aquisitivo e não estão conseguindo pagar suas contas, outros estão desempregados e na completa miséria. Miséria essa que tinha sido eliminada nos governos do PT.
Muito antes da crise sanitária que atingiu o Brasil em 2020, nós já enfrentávamos outro vírus, o da ignorância e da desigualdade social, propagados pelo atual governo. Em 2019, logo após assumir a presidência, Bolsonaro cortou do programa Bolsa Família 1,3 milhões de pessoas beneficiadas, tentando destruir o maior programa social de transferência de renda, reconhecido internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) por combater a fome.
Com o desmonte de políticas sociais, que começou com o golpe de 2016, o país voltou a figurar no mais terrível dos locais, o Mapa da Fome das Nações Unidas. A proporção de brasileiros em situação de insegurança alimentar saltou para 116,8 milhões de pessoas, sendo que 43,3 milhões não têm acesso à quantidade de alimentos suficientes para o sustento, e outras 19 milhões passam fome, segundo relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, divulgado em dezembro de 2020.
Essa situação toda não é por falta de dinheiro, visto que a arrecadação de impostos no Brasil bateu recordes, segundo a própria Secretaria da Receita Federal. Esse ano tivemos a maior arrecadação em 27 anos da série histórica da receita, iniciada em 1995. Só nos seis primeiros meses de 2021, foram arrecadados mais de R$ 881,996 bilhões de reais. Mas, para onde vai esse dinheiro?
O governo afirma não ter dinheiro para o Bolsa Família, mas continua bancando os luxos e regalias de uma pequena parcela da população. Os generais e comandantes das forças armadas que estão à frente de estatais chegam a ganhar salários de R$ 260 mil reais por mês. Fora os milhões entregues aos deputados bolsonaristas e mais outros milhões gastos em leite condensado, picanha e cerveja para o Exército.
Enquanto os brasileiros passam fome, sem aumento real do salário-mínimo, Bolsonaro e sua família se esbaldam no luxo e ostentação. Envolvido no escândalo da rachadinha, Flávio Bolsonaro, comprou uma mansão de quase R$ 6 milhões de reais em um bairro nobre de Brasília. Já seu irmão, Renan Bolsonaro, alugou uma outra mansão, avaliada em R$3,2 milhões de reais, pagando a bagatela de R$8mil reais mensais. É vergonhoso viver em um país onde o presidente e sua família não se importam ou se compadecem da situação de fome e miséria que devasta o Brasil.
Eu tenho o sonho de ver o povo voltar a comer, trabalhar e estudar. É esse país que precisamos recuperar. A solução nós já sabemos qual é: o impeachment de Bolsonaro. Só com o país livre das garras de um presidente despreparado e egocêntrico, poderemos superar a miséria, a fome e o desemprego. Sabemos que não será fácil, mas é possível fazer o Brasil voltar a ser feliz novamente, como o PT fez por quase 20 anos.
Zeca Dirceu é deputado federal (PT-PR) e vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados
Artigo publicado originalmente no Poder 360